sábado, 14 de janeiro de 2017

Belo, belo - Manuel Bandeira

Belo, belo, minha bela
Tenho tudo que não quero
Não tenho nada que quero
Não quero óculos nem tosse
Nem obrigação de voto

Quero quero
Quero a solidão dos píncaros
A água da fonte escondida
A rosa que floresceu
Sobre a escarpa inacessível
A luz da primeira estrela
Piscando no lusco-fusco

Quero quero
Quero dar a volta ao mundo
Só num navio de vela
Quero rever Pernambuco
Quero ver Bagdá e Cusco

Quero quero
Quero o moreno de Estela
Quero a brancura de Elisa
Quero a saliva de Bela
Quero as sardas de Adalgisa
Quero quero tanta coisa

Belo belo
Mas basta de lero-lero
Vida noves fora zero

Quadro de Monet
 Wild Poppies  Near Argenteuil

2 comentários:

Maria José Silva disse...

Olá!
Tudo bem?
Passei para dizer que adoro este espaço e por isso eu o indiquei ao Selo Prêmio Dardos.

http://avessodedentro.blogspot.com/2009/02/selo-remio-dardos.html#links

Daniela disse...

O ser humano e sua busca incansável por ilusões, nunca está satisfeito com seu mundo interno. Manuel Bandeira leva-nos a refletir sobre as divagações humanas. Belo poema! Beijos!!