sexta-feira, 21 de março de 2025
quinta-feira, 2 de maio de 2024
Nesta fria estação - Prince Cristal
Como uma triste visão,
no frio desta estação,
O vento levou o amar,
Restava a canção,
a ilusão
e dor.
Um coração, sem razão,
ecoava desilusão, numa triste visão,
Restava esperar... a frieza acabar.
E o amor brotar
quando enfim...
o verão voltar !
sexta-feira, 26 de abril de 2024
Caminhos da vida - Prince Cristal
e a inteligência numa boba sobriedade.
A paixão se explode entre simples temeridade
ou louca leviandade.
Enquanto isso,
a vida vai passando … como um vento…
No silêncio do tempo e na quietude da alma !
sábado, 29 de abril de 2023
Todo Risco - Damario Dacruz
é que nos faz homens.
Voo perfeito
no espaço que criamos.
Ninguém decide
sobre os passos que evitamos.
Certeza
de que não somos pássaros
e que voamos.
Tristeza
de que não vamos
por medo dos caminhos...
Damario Dacruz
sábado, 20 de março de 2021
Águas de Março - Elis Regina & Tom Jobim
Im, inho
Oco, inho
Ida, ol
Aço, zol
sexta-feira, 29 de janeiro de 2021
Não passo pela Vida - Charles Chaplin
sexta-feira, 22 de janeiro de 2021
Abraço - Anais Nin
sábado, 16 de janeiro de 2021
Separação - Vinicius de Moraes
sábado, 9 de janeiro de 2021
Sobre a dor - Kahlil Gibran
sexta-feira, 8 de janeiro de 2021
Agir ou não agir? - Prince Cristal
quinta-feira, 24 de dezembro de 2020
Feliz Natal - Prince Cristal
sexta-feira, 11 de dezembro de 2020
Cântico dos Cânticos - Salomão
Ah! Beija-me com os beijos de tua boca! Porque os teus amores são mais
deliciosos que o vinho, e suave é a fragrância de teus perfumes; o teu
nome é como um perfume derramado: por isso, amam-te as jovens.
Arrasta-me após ti; corramos! O rei introduziu-me nos seus aposentos.
Exultaremos de alegria e de júbilo em ti. Tuas carícias nos inebriarão
mais que o vinho. Quanta razão há de te amar!
Sou morena, mas sou bela, ó filhas de Jerusalém, como as tendas de Cedar,
como os pavilhões de Salomão.
Não repareis em minha tez morena, pois fui queimada pelo sol. Os filhos
de minha mãe irritaram-se contra mim; puseram-me a guardar as vinhas, mas
não guardei a minha própria vinha.
Dize-me, ó tu, que meu coração ama, onde apascentas o teu rebanho, onde o
levas a repousar ao meio-dia, para que eu não ande vagueando junto aos
rebanhos dos teus companheiros.
Se não o sabes, ó tu, a mais bela das mulheres, vai, segue as pisadas das
ovelhas e apascenta os cabritos junto às cabanas dos pastores.
À égua dos carros do faraó eu te comparo, ó minha amada.
Tuas faces são graciosas entre os brincos, e o teu pescoço entre colares
de pérolas.
Faremos para ti brincos de ouro com glóbulos de prata.
Enquanto o rei descansa em seu divã, meu nardo exala o seu perfume.
O meu bem-amado é para mim como um saquitel de mirra que repousa entre os
meus seios; o meu bem-amado é para mim um cacho de uvas nas vinhas de
Engadi.
Como és formosa, amada minha! Como és bela! Teus olhos são como pombas.
Como és belo, meu amado! Como és encantador! O nosso leito é um leito
verdejante.
As vigas de nossa casa são de cedro, suas traves, de cipreste!
segunda-feira, 30 de novembro de 2020
Frases Especiais - Fernando Pessoa
"O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia."
"Navegar é preciso, viver não é preciso."
"Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar."
"O poeta é um fingidor."
"Deus quer, o Homem sonha, a obra nasce."
"Eu sou do tamanho do que vejo... E não do tamanho de minha altura."
"Não há normas. Todos os homens são excepção a uma regra que não existe".
"Não sou do tamanho da minha altura, mas da estatura daquilo que posso ver."
"Sábio é quem se contenta com o espetáculo do mundo."
"A diferença entre Deus e nós deve ser não de atributos, mas da própria essência do ser. Ora tudo é o que é. Portanto Deus é não só o que é mas também o que não é. Confunde-nos de Si com isso".
"Nenhuma ideia brilhante consegue entrar em circulação se não agregando a si qualquer elemento de estupidez. O pensamento colectivo é estúpido porque é colectivo: nada passa as barreiras do coletivo sem deixar nelas, como real de água, a maior parte da inteligência que traga consigo".
"Do indivíduo temos que partir, ainda que seja para o abandonar".
"De sonhar ninguém se cansa, porque sonhar é esquecer, e esquecer não pesa e é um sono sem sonhos em que estamos despertos."
"Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala. O mais é nada."
"Tudo o que dorme é criança de novo. Talvez porque no sono não se possa fazer mal, e se não dá conta da vida, o maior criminoso, o mais fechado egoísta é sagrado, por uma magia natural, enquanto dorme. Entre matar quem dorme e matar uma criança não conheço diferença que se sinta."
sábado, 28 de novembro de 2020
O que Sentimos - Fernando Pessoa
É o que temos.
Claro, o inverno triste
Como à sorte o acolhamos.
Haja inverno na terra, não na mente.
E, amor a amor, ou livro a livro, amemos
Nossa caveira breve.
Fernando Pessoa
sábado, 21 de novembro de 2020
Mestre - Fernando Pessoa
sábado, 14 de novembro de 2020
A falência do Prazer e do Amor - Fernando Pessoa
I
Beber a vida num trago, e nesse trago
Todas as sensações que a vida dá
Em todas as suas formas
[...]
Dantes eu queria
Embeber-me nas árvores, nas flores,
Sonhar nas rochas, mares, solidões.
Hoje não, fujo dessa idéia louca:
Tudo o que me aproxima do mistério
Confrange-me de horror. Quero hoje apenas
Sensações, muitas, muitas sensações,
De tudo, de todos neste mundo — humanas,
Não outras de delírios panteístas
Mas sim perpétuos choques de prazer
Mudando sempre,
Guardando forte a personalidade
Para sintetizá-las num sentir.
Quero
Afogar em bulício, em luz, em vozes,
— Tumultuárias [cousas] usuais —
o sentimento da desolação
Que me enche e me avassala.
Folgaria
De encher num dia, [...] num trago,
A medida dos vícios, inda mesmo
Que fosse condenado eternamente
Loucura! — ao tal inferno,
A um inferno real.
II
Alegres camponeses, raparigas alegres e ditosas,
Como me amarga n'alma essa alegria!
[...]
Nem em criança, ser predestinado,
Alegre eu era assim; no meu brincar,
Nas minhas ilusões da infância, eu punha
O mal da minha predestinação.
[...]
pouco importa!
Sofrer mais já não posso. Pois verei
Eu, Fausto — aqueles que não sentem bem
Toda a extensão da felicidade,
Gozá-la?
[...]
Ferve a revolta em mim
Contra a causa da vida que me fez
Qual sou. E morrerei e deixarei
Neste inundo isto apenas: uma vida
Só prazer e só gozo, só amor,
Só inconsciência em estéril pensamento
E desprezo
[...]
Mas eu como entrarei naquela vida?
Eu não nasci para ela.
III
Melodia vaga
Para ti se eleva
E, chorando, leva
O teu coração,
Já de dor exausto,
E sonhando o afaga.
Os teus olhos, Fausto,
Não mais chorarão.
IV
Já não tenho alma. Dei-a à luz e ao ruído,
Só sinto um vácuo imenso onde alma tive...
Sou qualquer cousa de exterior apenas,
Consciente apenas de já nada ser...
Pertenço à estúrdia e à crápula da noite
Sou só delas, encontro-me disperso
Por cada grito bêbedo, por cada
Tom da luz no amplo bojo das botelhas.
Participo da névoa luminosa
Da orgia e da mentira do prazer.
E uma febre e um vácuo que há em mim
Confessa-me já morto... Palpo, em torno
Da minha alma, os fragmentos do meu ser
Com o hábito imortal de perscrutar-me.
V
Perdido
No labirinto de mim mesmo, já
Não sei qual o caminho que me leva
Dele à realidade humana e clara
Cheia de luz [...] alegremente
Mas com profunda pesadez em mim
Esta alegria, esta felicidade,
Que odeio e que me fere
[...]
Sinto como um insulto esta alegria
Toda a alegria. Quase que sinto
Que rir, é rir — não de mim, mas, talvez,
Do meu ser.
VI
Toda a alegria me gela, me faz ódio.
Toda a tristeza alheia me aborrece,
Absorto eu na minha, maior muito que outras
[...]
Sinto em mim que a minha alma não tolera
Que seja alguém do que ela mais feliz;
O riso insulta-me, por existir;
Que eu sinto que não quero que alguém ria
Enquanto eu não puder. Se acaso tento
Sentir, querer, só quero incoerências
De indefinida aspiração imensa,
Que mesmo no seu sonho é desmedida ...
VII
tua inconsciência alegre é uma ofensa
para mim. O seu riso esbofeteia-me!
Tua alegria cospe-me na cara!
Oh, com que ódio carnal e espiritual
escarro sobre o que na alma humana
Fria festas e danças e cantigas...
[...]
Com que alegria minha, cairia
Um raio entre eles! Com que pronto
Criaria torturas para eles
Só por rirem a vida em minha cara
E atirarem à minha face pálida
O seu gozo em viver, a poeira — que arda
Em meus olhos — dos seus momentos ocos
De infância adulta e tudo na alegria!
[...]
Ó ódio, alegra-me tu sequer!
Faze-me ver a Morte, roendo a todos,
Põe-me ria vista os vermes trabalhando
Aqueles corpos!
[...]
VIII
Triste horror d'alma, não evoco já
Com grata saudade, tristemente,
Estas recordações da juventude!
Já não sinto saudades, como há pouco
Inda as sentia. Vai-se-me embotando,
Co'a força de pensar, contínuo e árido,
Toda a verdura e flor do pensamento.
Ao recordar agora, apenas sinto,
Como um cansaço só de ter vivido,
Desconsolado e mudo sentimento
De ter deixado atrás parte de mim,
E saudade de não ter saudade,
Saudades dos tempos em que as tinha.
Se a minha infância agora evoco, vejo
— Estranho! — como uma outra criatura
Que me era amiga, numa vaga
Objetivada subjetividade.
Ora a infância me lembra, como um sonho,
Ora a uma distância sem medida
No tempo, desfazendo-me em espanto;
E a sensação que sinto, ao perceber
Que vou passando, já tem mais de horror
Que tristeza
[...]
E nada evoca, a não ser o mistério
Que o tempo tem fechado em sua mão.
Mas a dor é maior!
IX
Ó vestidas razões! Dor que é vergonha
E por vergonha de si-própria cala
A si-mesma o seu nexo! Ó vil e baixa
Porca animalidade do animal,
Que se diz metafísica por medo
A saber-se só baixa ...
[...]
Ó horror metafísico de ti!
Sentido pelo instinto, não na mente!
Vil metafísica do horror da carne,
Medo do amor...
Entre o teu corpo e o meu desejo dele
'Stá o abismo de seres consciente;
Pudesse-te eu amar sem que existisses
E possuir-te sem que ali estivesses!
Ah, que hábito recluso de pensar
Tão desterra o animal que ousar não ouso
O que a [besta mais vil] do mundo vil
Obra por maquinismo.
Tanto fechei à chave, aos olhos de outros,
Quanto em mim é instinto, que não sei
Com que gestos ou modos revelar
Um só instinto meu a olhos que olhem ...
[...]
Deus pessoal, Deus gente, dos que creem,
Existe, para que eu te possa odiar!
Quero alguém a quem possa a maldição
Lançar da minha vida que morri,
E não o vácuo só da noite muda
Que me não ouve.
X
O horror metafísico de Outrem!
O pavor de uma consciência alheia
Como um deus a espreitar-me!
Quem me dera
Ser a única [cousa ou] animal
Para não ter olhares sobre mim!
XI
Um corpo humano!
Às vezes eu, olhando o próprio corpo,
Estremecia de terror ao vê-lo
Assim na realidade, tão carnal.
XII
Sinto horror
À significação que olhos humanos
Contém...
[...]
Sinto preciso
Ocultar o meu íntimo aos olhares
E aos perscrutamentos que olhares mostram;
Não quero que ninguém saiba o que sinto,
Além de que o não posso a alguém dizer...
XIII
Com que gesto de alma
Dou o passo de mim até à posse
Do corpo de outros, horrorosamente
Vivo, consciente, atento a mim, tão ele
Como eu sou eu.
XIV
Não me concebo amando, nem dizendo
A alguém "eu te amo" — sem que me conceba
Com uma outra alma que não é a minha
Toda a expansão e transfusão de vida
Me horroriza, como a avaro a ideia
De gastar e gastar inutilmente
Inda que no gastar se [extraia] gozo.
XV
Quando se adoram, vividos,
Dois seres juvenis e naturais
Parece que harmonias se derramam
Como perfumes pela terra em flor.
Mas eu, ao conceber-me amando, sinto
Como que um gargalhar hórrido e fundo
Da existência em mim, como ridículo
E desusado no que é natural.
Nunca, senão pensando no amor,
Me sinto tão longínquo e deslocado,
Tão cheio de ódios contra o meu destino.
De raivas contra a essência do viver.
XVI
Vendo passar amantes
Nem propriamente inveja ou ódio sinto,
Mas um rancor e uma aversão imensos
Ao universo inteiro, por cobri-los.
XVII
O amor causa-me horror; é abandono,
Intimidade...
Não sei ser inconsciente
E tenho para tudo
[...]
A consciência, o pensamento aberto
Tornando-o impossível.
E eu tenho do alto orgulho a timidez
E sinto horror a abrir o ser a alguém,
A confiar n’alguém. Horror eu sinto
A que perscrute alguém, ou levemente
Ou não, quaisquer recantos do meu ser.
Abandonar-me em braços nus e belos
(Inda que deles o amor viesse)
No conceber do todo me horroriza;
Seria violar meu ser profundo,
Aproximar-me muito de outros homens.
Uma nudez qualquer — espírito ou corpo —
Horroriza-me: acostumei-me cedo
Nos despimentos do meu ser
A fixar olhos pudicos, conscientes.
Do mais. Pensar em dizer "amo-te"
E "amo-te" só — só isto, me angustia...
XVIII
[...] eu mesmo
Sinto esse frio coração em mim
Admirado de ser um coração
Tão frio está.
XIX
Seria doce amar, cingir a mim
Um corpo de mulher, mais frio e grave
e feito em tudo, transcendentalmente
O pensamento agrada-me, e confrange-me
Do terror de perto, e [junto]
Em sensação ao meu, um outro corpo.
Gelada mão misteriosa cai
Sobre a imaginação [...]
XX
É isto o amor? Só isto?
[...]
Sinto ânsias, desejos,
Mas não com meu ser todo. Alguma cousa
No íntimo meu, alguma cousa ali
— Fria, pesada, muda — permanece.
[P'ra] isto deixei eu a vida antiga
Que já bem não concebo, parecendo
Vaga já.
Já não sinto a agonia muda e funda
Mas uma, menos funda e dolorosa,
[Bem] mais terrível raiva
[...]
De movimentos íntimos, desejos
Que são como rancores.
Um cansaço violento e desmedido
De existir e sentir-me aqui, e um ódio
Nascido disto, vago e horroroso,
A tudo e todos...
XXI
Amo como o amor ama.
Não sei razão pra amar-te mais que amar-te.
Que queres que te diga mais que te amo,
Se o que quero dizer-te é que te amo?
[...]
Quando te falo, dói-me que respondas
Ao que te digo e não ao meu amor.
[...]
Ah! não perguntes nada; antes me fala
De tal maneira, que, se eu fora surda,
Te ouvisse todo com o coração.
Se te vejo não sei quem sou: eu amo.
Se me faltas
[...]
... Mas tu fazes, amor, por me faltares
Mesmo estando comigo, pois perguntas —
Quando é amar que deves. Se não amas,
Mostra-te indiferente, ou não me queiras,
Mas tu és como nunca ninguém foi,
Pois procuras o amor pra não amar,
E, se me buscas, é como se eu só fosse
Alguém pra te falar de quem tu amas.
[...]
Quando te vi amei-te já muito antes:
Tornei a achar-te quando te encontrei.
Nasci pra ti antes de haver o mundo.
Não há cousa feliz ou hora alegre
Que eu tenha tido pela vida fora,
Que o não fosse porque te previa,
Porque dormias nela tu futuro.
[...]
E eu soube-o só depois, quando te vi,
E tive para mim melhor sentido,
E o meu passado foi como uma 'strada
Iluminada pela frente, quando
O carro com lanternas vira a curva
Do caminho e já a noite é toda humana.
[...]
Quando eu era pequena, sinto que eu
Amava-te já longe, mas de longe...
[...]
Amor, diz qualquer cousa que eu te sinta!
— Compreendo-te tanto que não sinto,
Oh coração exterior ao meu!
Fatalidade, filha do destino
E das leis que há no fundo deste mundo!
Que és tu a mim que eu compreenda ao ponto
De o sentir...?
[...]
XXII
Pra que te falar? Ninguém me irmana
Os pensamentos na compreensão.
Sou só por ser supremo, e tudo em mim
É maior.
XXIII
Reza por mim! A mais não me enterneço.
Só por mim mesmo sei enternecer-me,
Soba a ilusão de amar e de sentir em que forçadamente me detive.
Reza por mim, por mim! Eis a que chega
A minha tentativa [em] querer amar.