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sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Não passo pela Vida - Charles Chaplin

Já perdoei erros quase imperdoáveis, 
tentei substituir pessoas insubstituíveis 
e esquecer pessoas inesquecíveis. 

Já fiz coisas por impulso, 
já me decepcionei com pessoas 
quando nunca pensei me decepcionar, 
mas também decepcionei alguém. 

Já abracei pra proteger, 
já dei risada quando não podia, 
fiz amigos eternos, 
amei e fui amado, 
mas também já fui rejeitado, 

Fui amado e não amei. 

Já gritei e pulei de tanta felicidade, 
já vivi de amor e fiz juras eternas, 
"quebrei a cara" muitas vezes! 

Já chorei ouvindo música e vendo fotos, 
já liguei só pra escutar uma voz, 
me apaixonei por um sorriso, 
já pensei que fosse morrer de tanta saudade 
e tive medo de perder alguém especial 
(e acabei perdendo)! 

Mas vivi! 
E ainda vivo! 
Não passo pela vida... 

Bom mesmo é ir à luta com determinação, 
abraçar a vida e viver com paixão, 
perder com classe e vencer com ousadia, 
porque o mundo pertence a quem se atreve 
e a vida é MUITO para ser insignificante. 

Charles Chaplin

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Cântico dos Cânticos - Salomão

      
O mais belo dos Cânticos de Salomão

Ah! Beija-me com os beijos de tua boca! Porque os teus amores são mais deliciosos que o vinho, e suave é a fragrância de teus perfumes; o teu nome é como um perfume derramado: por isso, amam-te as jovens.

Arrasta-me após ti; corramos! O rei introduziu-me nos seus aposentos. Exultaremos de alegria e de júbilo em ti. Tuas carícias nos inebriarão mais que o vinho. Quanta razão há de te amar!

Sou morena, mas sou bela, ó filhas de Jerusalém, como as tendas de Cedar, como os pavilhões de Salomão.

Não repareis em minha tez morena, pois fui queimada pelo sol. Os filhos de minha mãe irritaram-se contra mim; puseram-me a guardar as vinhas, mas não guardei a minha própria vinha.

Dize-me, ó tu, que meu coração ama, onde apascentas o teu rebanho, onde o levas a repousar ao meio-dia, para que eu não ande vagueando junto aos rebanhos dos teus companheiros.

Se não o sabes, ó tu, a mais bela das mulheres, vai, segue as pisadas das ovelhas e apascenta os cabritos junto às cabanas dos pastores.

À égua dos carros do faraó eu te comparo, ó minha amada.

Tuas faces são graciosas entre os brincos, e o teu pescoço entre colares de pérolas.

Faremos para ti brincos de ouro com glóbulos de prata.

Enquanto o rei descansa em seu divã, meu nardo exala o seu perfume.

O meu bem-amado é para mim como um saquitel de mirra que repousa entre os meus seios; o meu bem-amado é para mim um cacho de uvas nas vinhas de Engadi.

Como és formosa, amada minha! Como és bela! Teus olhos são como pombas. Como és belo, meu amado! Como és encantador! O nosso leito é um leito verdejante.

As vigas de nossa casa são de cedro, suas traves, de cipreste!

Cântico dos Cânticos, 1 - Bíblia Católica Online
Quadro de William Bouguereau - Le Baiser

domingo, 30 de agosto de 2020

Requiescat - Olavo Bilac

Por que me vens, com o mesmo riso, 
Por que me vens, com a mesma voz, 
Lembrar aquele Paraíso, 
Extinto para nós? 

Por que levantas esta lousa? 
Por que, entre as sombras funerais, 
Vens acordar o que repousa, 
O que não vive mais? 

Ah! esqueçamos, esqueçamos 
Que foste minha e que fui teu: 
Não lembres mais que nos amamos, 
Que o nosso amor morreu! 

O amor é uma árvore ampla, e rica 
De frutos de ouro, e de embriaguez: 
Infelizmente, frutifica 
Apenas uma vez... 

Sob essas ramas perfumadas, 
Teus beijos todos eram meus: 
E as nossas almas abraçadas 
Fugiam para Deus. 

Mas os teus beijos esfriaram. 
Lembra-te bem! lembra-te bem! 
E as folhas pálidas murcharam, 
E o nosso amor também. 

Ah! frutos de ouro, que colhemos, 
Frutos da cálida estação, 
Com que delícia vos mordemos, 
Com que sofreguidão! 

Lembras-te? os frutos eram doces... 
Se ainda os pudéssemos provar! 
Se eu fosse teu... se minha fosses, 
E eu te pudesse amar... 

Em vão, porém, me beijas, louca! 
Teu beijo, a palpitar e a arder, 
Não achará, na minha boca, 
Outro para o acolher. 

Não há mais beijos, nem mais pranto! 
Lembras-te? quando te perdi 
Beijei-te tanto, chorei tanto, 
Com tanto amor por ti, 

Que os olhos, vês? já tenho enxutos, 
E a minha boca se cansou: 
A árvore já não tem mais frutos! 
Adeus! tudo acabou! 

Outras paixões, outras idades! 
Sejam os nossos corações 
Dois relicários de saudades 
E de recordações. 

Ah! esqueçamos, esqueçamos! 
Durma tranqüilo o nosso amor 
Na cova rasa onde o enterramos 
Entre os rosais em flor... 

Olavo Bilac, in "Poesias"

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Inutilmente - Mauro Salles

O silêncio não leva a Deus 
a noite não me transporta para o alto
e o ocaso é um convite à solidão.

Na angústia dos momentos perdidos
o desespero dos minutos sem destino
e a implacável certeza da morte
tudo leva à tua saudade
tua amarga presença
na distância
em que te procuro esquecer
inutilmente.

Mauro Salles

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Correr riscos - Paulo Coelho

Pobre de quem teve medo de correr os riscos. 
Porque este talvez não se decepcione nunca,
nem tenha desilusões,
nem sofra como aqueles
que têm um sonho a seguir.

Mas quando olhar para trás
porque sempre olhamos para trás
vai escutar seu coração dizendo:

O que fizeste com os milagres 
que Deus semeou por teus dias?

O que fizeste com os talentos 
que teu Mestre te confiou?

Enterraste fundo em uma cova,
porque tinhas medo de perdê-los.

Então, esta é a tua herança:
a certeza de que desperdiçaste sua vida 

Paulo Coelho

sábado, 23 de maio de 2020

Depois de um Tempo - After a while - Veronica Shoffstall

Quadro animado " A noite estrelada - Vicente Van Gogh "

Depois de um tempo
você aprende
a sutil diferença
entre segurar uma mão
e acorrentar uma alma
e você aprende que amar
não significa apoiar-se
e companhia não quer sempre
dizer segurança
e você começa a aprender
que beijos não são contratos
e presentes 
não são promessas
e você começa
a aceitar suas derrotas
com sua cabeça erguida
e seus olhos adiante
com a graça de mulher,
não a tristeza de uma criança
e você aprende
a construir todas as estradas hoje
porque o terreno de amanhã
é demasiado incerto para planos
e futuros têm o hábito de cair
no meio do voo 

Depois de um tempo
você aprende
que até mesmo a luz do sol queima
se você a tiver demais
então você planta
seu próprio jardim
e enfeita sua própria alma
ao invés de esperar
que alguém lhe traga flores
E você aprende
que você realmente pode resistir
você realmente é forte
você realmente tem valor
e você aprende
e você aprende
com cada adeus, você aprende...

Circula um texto intitulado "Aprender", creditado a William Shakespeare.
Na verdade é um poema de Verônica Shoffstall "After a While" de 1971

sexta-feira, 8 de maio de 2020

A Moreninha - Obra de Joaquim Manuel de Macedo

O romance A Moreninha (1844) concedeu ao seu autor, Joaquim Manuel de Macedo, imenso prestígio nos salões sociais na época em que foi publicado. O romantismo inscrevia-se como o movimento literário em voga, favorecendo a criação de narrativas fundamentadas sobre temas amenos: o amor "açucarado" com um ligeiro e suave suspense que termina em páginas brandas e felizes para todos... e para sempre.

A Moreninha surge como um modelo exemplar desse estilo. A obra retrata os costumes da alta sociedade carioca dos meados do século 19, onde as mulheres tinham seus momentos de flerte nos saraus, bailes e óperas de teatro.

É nesse ambiente circundado pelas paisagens da Tijuca e pelas praias cariocas (ainda desertas) que vemos se desenrolar a narrativa do romance.

Resumo
O enredo inicia-se com três amigos e estudantes de Medicina, Augusto, Fabrício e Leopoldo, sendo convidados por outro colega, Filipe, para passar o dia de Sant'Ana na casa de praia de sua avó. (O mês de julho era considerado o mês de Sant'Ana.)
Apenas Augusto hesita e se diz disposto a não ir. Mas, a presença da irmã, Carolina - a Moreninha , e das primas de Filipe, Joana - a pálida, e Joaquina - a loira, entre outros divertimentos, servem como incentivo, e logo todos se põem prontos para a viagem.

Os amigos decidem ainda fazer uma aposta: se Augusto conseguisse apaixonar-se por uma única jovem durante quinzes dias ou mais, visto que se julgava incapaz para tanto, ele assumiria o compromisso de escrever um romance relatando tal paixão.

O jovem evita cair nas graças das mulheres que encontra, desfazendo as esperanças nele depositadas e mostrando-se leviano às investidas românticas. Causando tanto mais medo do que mesmo infelicidade na imaginação das senhoritas, Augusto passa a ser rejeitado nesse círculo.

Todavia, Carolina, a Moreninha, uma jovem de quinze anos, inteligente e zombeteira, trará uma nova atmosfera à alma de Augusto. Tomado por sentimentos perturbadores, o rapaz acaba confessando a D. Ana, avó da menina, um segredo guardado há sete anos, no qual estava a explicação para a sua personalidade obscura e instável. Passemos ao episódio.
Augusto tinha treze anos quando esteve na Corte e, durante um de seus passeios pelas praias cariocas, conheceu uma linda menina, contando não mais do que oito anos. Ela então observava uma concha à beira-mar, mas o ir e vir das ondas impedia que ela avançasse sobre a areia para pegar o objeto de seus caprichos.

Depois de tanto brincar com as vagas, até cair, a menina dirigiu-se a Augusto mimosamente, lastimando não ter conseguido apanhar a concha. Prontamente, ele se dispôs a trazê-la para a menina; foi assim que fizeram amizade e viriam a passar longas horas de deliciosas brincadeiras infantis.

Em meio às travessuras, a garotinha perguntou-lhe se desejava um dia casar-se com ela. Embora aturdido, Augusto acabou por aceitar a ousada proposta. A promessa fez com que seus nomes deixassem de ter importância, e assim passaram a tratar-se por "meu marido" e "minha mulher".

Mas, a aproximação de um garoto aos prantos anunciando a morte do pai viria quebrar o encanto do momento. Augusto e a menina foram conduzidos até uma pequena casa, onde se achava um homem agonizante junto a sua família em sofrimento. Pouco, ou nada, poderia ser feito.

Uma caridade realizada por Augusto e sua nova amiga fez o velho abençoá-los, profetizando a união de ambos... deu-lhes, então, dois breves: um branco, que levaria costurado um camafeu de Augusto, presenteado à garota; e outro verde, cosido a um botãozinho de esmeralda da blusa da menina, por sua vez oferecido a Augusto.

Pouco antes de o ancião expirar, os dois partiram. Despediram-se na praia, mantendo o enigma de seus nomes, mas vivo o juramento de amor feito diante do homem: o de um dia se encontrarem e serem felizes juntos. Assim, Augusto termina a sua curiosa história. No entanto, além de D. Ana, os ouvidinhos aguçados de Carolina também tinham acompanhado secretamente sua narrativa.

Em outra conversa com a velha senhora, Augusto comenta sobre o malogro de suas paixões: ele já tinha sido enganado por três jovens que escarneceram de suas devoções afetivas. A primeira, uma moreninha, deixou-o esperançoso pelo período de oito dias, finalmente casando-se com um velho.

A segunda, uma coradinha, mostrava-se ciumenta e possessiva, mas ria-se dele pelas suas costas, enamorada de outro. A terceira, uma jovem pálida, fazia-o acreditar ser o único em sua vida, mas enganava-o com um primo. Tantas desilusões levaram-no a crer que a melhor saída era namoriscar todas e não dar o coração a nenhuma.

O fim de semana termina e os jovens voltam à Corte. Augusto traz consigo mais do que uma lembrança da agradável companhia dos amigos e de D. Ana; ele guarda um sentimento profundo que irá rendê-lo à afabilidade de Carolina. Isso o fará retornar a casa da jovem, e juntos descobrir se-ão amigos e enamorados.

Após um breve período de distância entre os dois, o que os leva a uma grande tristeza, Augusto corre ao encontro da amada. Porém, a Moreninha repreende-o por trair o voto feito à garotinha que conhecera há sete anos e ao homem em seu leito de morte. Augusto declara ser impossível reconhecê-la, ou mesmo encontrá-la e, ainda que isso fosse possível, como ele poderia negar o amor sincero que agora sentia por Carolina?

É o momento de desfazer-se o mistério: a jovem revela o breve que um dia ganhara de um velho às vésperas de sua morte, e nele estava enrolado o camafeu pertencente a Augusto. Comovidos, concluem que a espera e a busca tinham chegado ao fim.

Também a aposta antes lançada pelos amigos estava ganha: Augusto escreveria sua história, uma história de amor e final feliz, intitulada A Moreninha.

sábado, 18 de abril de 2020

Não te amo mais - leia 2 vezes

Não te amo mais.

Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.

Tenho certeza que
Nada foi em vão.

Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.

Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.

Sinto cada vez mais que 
Já te esqueci!

E jamais usarei a frase
EU TE AMO!

Sinto, mas tenho que dizer a verdade 
É tarde demais...

Agora leia de baixo para cima
Texto erradamente creditado a Clarisse Lispector.

domingo, 5 de novembro de 2017

Eu Prometo - Geraldo Souza

Eu prometo não te prometer nada
Nem te amar para sempre
Nem não te trair nunca 
Nem não te deixar jamais 

Estou aqui, te sinto agora, 
sem máscaras nem artifícios 
e quero ficar apenas 
enquanto for bom para os dois
 que cada um fique 

Nada a te oferecer senão eu mesmo 
Nada a te pedir senão que sejas quem tu és 
A verdade é o que de melhor 
temos para compartilhar 

Tuas coisas continuam tuas 
e as minhas, minhas. 
Nada de mudarmos tudo na loucura de tornar eterno 
esse breve instante que passa. 

Se crescermos como pessoas, 
ainda que em direções opostas, 
saberemos nos amar pelo que somos, 
sem medo ou vergonha 
de nos revelarmos um ao outro por inteiro, 
tal como a gente é.

Não te prendo e 
não permito que me prendas.
Nenhuma corrente 
pode deter o curso da vida.
Nenhuma promessa 
pode substituir amor.

Quero que sejas livre 
como eu próprio quero ser 
Companheiros de uma viagem 
que estará recomeçando 
cada vez que a gente se encontrar. 

Texto de Geraldo Souza
O Prince acredita no amor, na verdade, 
no presente e sem promessas!

domingo, 20 de agosto de 2017

Não sei... Se a vida é curta - Cora Coralina

Não sei... Se a vida é curta 
Ou longa demais pra nós,
mas sei que nada do que vivemos tem sentido, 
se não tocamos o coração das pessoas. 
Muitas vezes basta ser: 
Colo que acolhe, 
Braço que envolve, 
Palavra que conforta, 
Silêncio que respeita, 
Alegria que contagia, 
Lágrima que corre, 
Olhar que acaricia, 
Desejo que sacia, 
Amor que promove. 
E isso não é coisa de outro mundo, 
É o que dá sentido à vida. 
É o que faz com que ela 
Não seja nem curta, 
Nem longa demais, 
Mas que seja intensa, 
Verdadeira, pura... 
Enquanto durar 

Cora Coralina

sábado, 7 de janeiro de 2017

Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades - Camões

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, 
Muda-se o ser, muda-se a confiança: 
Todo o mundo é composto de mudança, 
Tomando sempre novas qualidades. 

Continuamente vemos novidades, 
Diferentes em tudo da esperança: 
Do mal ficam as mágoas na lembrança, 
E do bem (se algum houve) as saudades. 

O tempo cobre o chão de verde manto, 
Que já coberto foi de neve fria, 
E em mim converte em choro o doce canto. 

E afora este mudar-se cada dia, 
Outra mudança faz de mor espanto, 
Que não se muda já como soía. 

Luís Vaz de Camões, in "Sonetos"

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

O Valor das coisas - Maria Júlia Oliveira

O valor das coisas 

não está no tempo que elas duram, 

mas na intensidade com que acontecem.

Por isso, existem momentos inesquecíveis,

coisas inexplicáveis 

e pessoas incomparáveis.

Maria Júlia Paes de Oliveira
Erradamente creditado a Fernando Pessoa ou Fernando Sabino...

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Moreninha (trechos) - Joaquim Manuel de Macedo

Tu, ontem, vinhas do monte
E paraste ao pé da fonte
À fresca sombra do til;
Regando as flores, sozinha,
Nem tu sabes, Moreninha,
O quanto achei-te gentil!

Depois segui-te calado
Como o pássaro esfaimado
Vai seguindo a juriti
Mas tão pura ias brincando,
Pelas pedrinhas saltando,
Que eu tive pena de ti!

E disse então: – Moreninha,
Se um dia tu fores minha,
Que amor, que amor não terás!
Eu dou-te noites de rosas
Cantando canções formosas
Ao som dos meus ternos ais.
...

Morena, minha Morena,
És bela, mas não tens pena
De quem morre de paixão!
– Tu vendes flores singelas
E guardas as flores belas,
As rosas do coração?!...

Moreninha, Moreninha,
Tu és das belas rainha,
Mas nos amores és má;
– Como tu ficas bonita
Com as tranças presas na fita,
Com as flores no samburá!

Eu disse então: – "Meus amores,
"Deixa mirar tuas flores
"Deixa perfumes sentir!"
Mas naquele doce enleio,
Em vez das flores, no seio,
No seio te fui bulir!

Como nuvem desmaiada
Se tinge de madrugada
Ao doce albor da manhã;
Assim ficaste, querida,
A face em pejo acendida,
Vermelha como a romã!

Tu fugiste, feiticeira,
E decerto mais ligeira
Qualquer gazela não é;
Tu ias de saia curta...
Saltando a moita de murta
Mostraste, mostraste o pé!

Ai! Morena, ai! meus amores,
Eu quero comprar-te as flores,
Mas dá-me um beijo também;
Que importa rosas do prado
Sem o sorriso engraçado
Que a tua boquinha tem?

Apenas vi-te, sereia,
Chamei-te – rosa da aldeia
Como mais linda não há.
Jesus! como eras bonita
Com as tranças presas na fita,
Com as flores no samburá!



Joaquim Manuel de Macedo
Trecho do livro A Moreninha 

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

O Amor - Hermann Hesse

Quanto mais envelhecia, quanto mais insípidas me pareciam as pequenas satisfações que a vida me dava, tanto mais claramente compreendia onde eu deveria procurar a fonte das alegrias da vida. 

Aprendi que ser amado não é nada, enquanto amar é tudo (...)

O dinheiro não era nada, o poder não era nada.

Vi tanta gente que tinha dinheiro e poder, e mesmo assim era infeliz.

A beleza não era nada. Vi homens e mulheres belos, infelizes, apesar de sua beleza.

Também a saúde não contava tanto assim.

Cada um tem a saúde que sente.

Havia doentes cheios de vontade de viver e havia sadios que definhavam angustiados pelo medo de sofrer.

A felicidade é amor, só isto.

Feliz é quem sabe amar. 
Feliz é quem pode amar muito.
Mas amar e desejar não é a mesma coisa.

O amor é o desejo que atingiu a sabedoria.

O amor não quer possuir.

O amor quer somente amar.


Hermann Hesse

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Revolução da Alma - Aristoteles

Ninguém é dono da sua felicidade,
por isso não entregue sua alegria,
sua paz, sua vida nas mãos de ninguém,
absolutamente ninguém.

Somos livres, não pertencemos a ninguém
e não podemos querer ser donos dos desejos,
da vontade ou dos sonhos de quem quer que seja.

A razão da sua vida é você mesmo.
A tua paz interior é a tua meta de vida,

Quando sentires um vazio na
alma,quando acreditares que ainda está faltando algo,
mesmo tendo tudo.

Remete teu pensamento para os teus desejos mais íntimos
e busque a divindade que existe em você.

Pare de colocar sua felicidade cada dia mais distante de você..
Não coloque objetivos longe demais de suas mãos,
abrace os que estão ao seu alcance hoje

Se andas desesperado por problemas financeiros,
amorosos ou de relacionamentos familiares,
busca em teu interior a resposta para acalmar-te,
você é reflexo do que pensas diariamente.

Com um sorriso no rosto
as pessoas terão as melhores impressões de você,
e você estará afirmando para você mesmo,
que está "pronto"para ser feliz.

Trabalhe,
trabalhe muito a seu favor.
Pare de esperar a felicidade sem esforços.
Pare de exigir das pessoas aquilo que nem você conquistou ainda.
Critique menos, trabalhe mais.

E, não se esqueça nunca de agradecer
Agradeça tudo que está em sua vida nesse momento,
inclusive a dor .

Nossa compreensão do universo,
ainda é muito pequena para julgar
o que quer que seja na nossa vida.

Por fim,
acredite que não estaremos sozinhos em nossas caminhadas,
um instante sequer...
...se nossos passos forem dados em busca de justiça e igualdade!!!


"A grandeza não consiste em receber honras,
mas em merecê-las."
Aristóteles

O autor, “Aristóteles”,filósofo Grego, discípulo de Platão discípulo de Sócrates, escreveu este texto no ano 360 a.C.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O valioso tempo dos Maduros - Mario de Andrade


Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro.

Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.

Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.

As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa.

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade.

Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.O essencial faz a vida valer a pena.

E para mim, basta o essencial.

sábado, 19 de novembro de 2016

Não te amo mais! - autor desconhecido

Não te amo mais

Estarei mentindo dizendo que

Ainda te quero como sempre quis

Tenho certeza que

Nada foi em vão

Sinto dentro de mim que

Você não significa nada

Não poderia dizer mais que

Alimento um grande amor

Sinto cada vez mais que

Já te esqueci!

E jamais usarei a frase

Eu te amo!

Sinto, mas tenho que dizer a verdade

É tarde demais...


Este poema deve ser lido 
como melhor lhe aprouver....
Não é de Clarice Lispector. E continuo sem saber a autoria.