Sou, em grande parte, a mesma prosa que escrevo.
[...]
Tornei-me uma figura de livro, uma vida lida.
O que sinto é (sem que eu queira)sentido para se escrever que se sentiu.
O que penso está logo em palavras, misturado com imagens que o desfazem, aberto em ritmos que
são outra coisa qualquer. De tanto recompor-me destruí-me.
De tanto pensar-me, sou já meus pensamentos mas não eu. Sondei-me e deixei cair a sonda; vivo a pensar se sou fundo ou não, sem outra sonda agora senão o olhar que me mostra, claro a'negro no espelho do poço alto, meu próprio rosto que me contempla contemplá-lo.
Trecho 193, datado de 2/9/1931, do Bernardo Soares
o guarda livros criado pelo Fernando Pessoa...
que nunca confessou mas ele contava o seu próprio ser, porque é a paisagem mais próxima, mais sua e mais real e me ajuda a entender a mim mesmo.
Um comentário:
Esse texto preciso de um professor pra me explicar...Rsrsrs
To gostando da retomada do Prince Cristal!
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