quinta-feira, 24 de agosto de 2006

O centenário de Mario Quintana

Mario de Miranda Quintana nasceu na cidade de Alegrete (RS), no dia 30 de julho de 1906.


Algumas passagens de sua vida:

Em 1929, começa a trabalhar na redação do diário O Estado do Rio Grande.


A primeira edição de seu livro A Rua dos Cataventos, é lançada em 1940. Canções, seu segundo livro de poemas, é lançado em 1946 .

Em 1951 é publicado o livro Espelho Mágico, uma coleção de quartetos, que trazia na orelha comentários de Monteiro Lobato.

Com 60 poemas inéditos, é publicada sua Antologia Poética, em 1966, recebe o Prêmio Fernando Chinaglia, por ter sido considerado o melhor livro do ano. 

Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!



1973, nesse ano o poeta e prosador lançou — Coleção Sagitário — o livro Do Caderno H. Nele estão seus pensamentos sobre poesia e literatura, escritos desde os anos 40, selecionados pelo autor.


Ao completar 80 anos, em 1986, é publicada a coletânea 80 Anos de Poesia.

Falece, em Porto Alegre, no dia 5 de maio de 1994, próximo de seus 87 anos, o poeta e escritor Mario Quintana.

"Amigos não consultem os relógios quando um dia me for de vossas vidas...

Porque o tempo é uma invenção da morte: não o conhece a vida - a verdadeira - em que basta um momento de poesia para nos dar a eternidade inteira".

Este é o ano do centenário do seu nascimento. A este notável escritor e poeta..... dedico este post... e a vocês alguns trechos de suas poesias:

Se tu me amas,
ama-me baixinho.
Não o grites de cima dos telhados,
deixa em paz os passarinhos.
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,

.....tem de ser bem devagarinho,
.....amada,
.....que a vida é breve,
.....e o amor
.....mais breve ainda.



Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza...
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel...
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves...
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!


Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...


Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...




Tive o prazer de visitar a casa de cultura : Mário Quintana, em Porto Alegre. O antigo hotel Majestic no centro foi sua morada nas décadas de 60 e 70 e após seu fechamento foi transformado numa casa de cultura.

Um comentário:

Daniela disse...

Ler o que vc escreve sobre Quintana me encanta. Sua história de vida, Seus poemas que passam tanta ternura! Que paz em meu coração!