segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Soneto do Amigo - Vinicius de Moraes


Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com os olhos que contem o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo. 

Um bicho igual à mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover 
E a disfarçar com meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer 
E o espelho de minha alma multiplica…


Vinícius de Moraes
Quadro de Bouguereau - Meditation 1885

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