quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Quarto em Desordem - Carlos Drummond

Na curva perigosa dos cinquenta derrapei neste amor.

Que dor! que pétala sensível e secreta me atormenta e me provoca à síntese da flor que não sabe como é feita: amor na quinta-essência da palavra, e mudo de natural silêncio já não cabe em tanto gesto de colher e amar 

A nuvem que de ambígua se dilui nesse objeto mais vago do que nuvem e mais indefeso, corpo! 
Corpo, corpo, corpo 

Verdade tão final, sede tão vária a esse cavalo solto pela cama a passear o peito de quem ama.


Poesia de Carlos Drummond
Quadro Vincent Van Gogh 

Um comentário:

Juℓi Ribeiro disse...

Manoel:
As vezes a desordem pode significar, uma mudança, uma sacudida em nossos sentimentos.
Uma viagem gostosa, da qual regressamos cansados e recordamos de belos momentos.

Como escreveu Drummond:
"Verdade tão final, sede tão vária
a esse cavalo solto pela cama
a passear o peito de quem ama".
Já pensou como seria maravilhoso
passear assim, no peito de quem amamos? Lindo texto! Me fez refletir... Parabéns! Seu blog está um encanto! Uma abraço*Juli*