sábado, 1 de abril de 2017

Vinte Poemas de Amor nº 1 - Pablo Neruda

Este mês o Prince Cristal homenageia Pablo Neruda
Corpo de mulher, brancas colinas, coxas brancas, assemelhas-te ao mundo no teu jeito de entrega.

O meu corpo de lavrador selvagem escava em ti e faz saltar o filho do mais fundo da terra.

Fui só como um túnel.

De mim fugiam os pássaros, e em mim a noite forçava a sua invasão poderosa.

Para sobreviver forjei-te como uma arma, como uma flecha no meu arco, como uma pedra na minha funda.

Mas desce a hora da vingança, e eu amo-te.

Corpo de pele, de musgo, de leite ávido e firme.

Ah, os copos do peito!

Ah os olhos de ausência!

Ah as rosas do púbis!

Ah a tua voz lenta e triste!

Corpo de mulher minha, persistirei na tua graça.

Minha sede, minha ânsia sem limite, meu caminho indeciso!

Escuros regos onde a sede eterna continua, e a fadiga continua, e a dor infinita.


Vinte Poemas de Amor e uma Canção Desesperada é um livro de poesia do poeta chileno Pablo Neruda, onde se cruza o erotismo da poesia que celebra o corpo da mulher, com o gosto que Neruda tem pela natureza. 

Nestes poemas, é frequente que os dois planos se cruzem, havendo uma certa identificação entre o corpo feminino e o mundo natural (as paisagens, a terra...).

Neruda escreveu estes poemas quando tinha cerca de vinte anos, mas são alguns dos mais celebrados da sua obra.

O livro foi publicado em 15 de junho de 1924.

2 comentários:

Anônimo disse...

O amor perguntou ao ódio: Porque me odeias tanto? e o ódio respondeu pq um dia te amei demais...
Estou de Volta das Mini Férias e passei para ver as Novidades e deixar Beijinho Grande e desejar um excelente Fim-de-semana.

Daniela disse...

Que bela homenagem a esse poeta tão rico em sentimentos!!!! E você sempre com muita sensibilidade, Prince! Bjs