sábado, 22 de agosto de 2020

Silêncio - Florbela Espanca

No fadário que é meu, neste penar,
noite alta, noite escura, noite morta,
sou o vento que geme e quer entrar,
sou o vento que vai bater-te a porta...
vivo longe de ti, mas que me importa? 

Se eu já não vivo em mim,
ando a vaguear. 

Em roda a tua casa, 
a procurar beber-te a vez, 
apaixonada, absorta! 

Estou junto a ti e não me vês... 
quantas vezes no livro que tu lês. 

Meu olhar se pousou e se perdeu! 
Trago-te como um filho nos meus braços!

E na sua casa...Escuta! uns leves passos... 
Silêncio! meu amor!...abre!... sou eu!...

Florbela Espanca

2 comentários:

Juℓi Ribeiro disse...

Linda postagem:
Especialmente para você
Prince:

"Escrava"

Ó meu Deus, ó meu dono, ó meu senhor,
Eu te saúdo, olhar do meu olhar,
Fala da minha boca a palpitar,
Gesto das minhas mãos tontas de amor!

Que te seja propício o astro e a flor,
Que a teus pés se incline a Terra e o Mar,
Pelos séculos dos séculos sem par,
Ó meu Deus, ó meu dono, ó meu senhor!

Eu, doce e humilde escrava, te saúdo,
E, de mãos postas, em sentida prece,
Canto teus olhos de oiro e de veludo.

Ah! esse verso imenso de ansiedade,
Esse verso de amor que te fizesse
Ser eterno por toda a eternidade...

Florbela Espanca
(1894-1930)
Um abraço carinhoso.*Ju*

Unknown disse...

Prince

Lindos poemas escritos por uma alma sofrida...
O blog esta lindo...como sempre!
Bjs...
Cassia