No fadário que é meu, neste penar,
noite alta, noite escura, noite morta,
sou o vento que geme e quer entrar,
sou o vento que vai bater-te a porta...
vivo longe de ti, mas que me importa?
Se eu já não vivo em mim,
ando a vaguear.
Em roda a tua casa,
a procurar beber-te a vez,
apaixonada, absorta!
Estou junto a ti e não me vês...
quantas vezes no livro que tu lês.
Meu olhar se pousou e se perdeu!
Trago-te como um filho nos meus braços!
E na sua casa...Escuta! uns leves passos...
Silêncio! meu amor!...abre!... sou eu!...
Florbela Espanca
2 comentários:
Linda postagem:
Especialmente para você
Prince:
"Escrava"
Ó meu Deus, ó meu dono, ó meu senhor,
Eu te saúdo, olhar do meu olhar,
Fala da minha boca a palpitar,
Gesto das minhas mãos tontas de amor!
Que te seja propício o astro e a flor,
Que a teus pés se incline a Terra e o Mar,
Pelos séculos dos séculos sem par,
Ó meu Deus, ó meu dono, ó meu senhor!
Eu, doce e humilde escrava, te saúdo,
E, de mãos postas, em sentida prece,
Canto teus olhos de oiro e de veludo.
Ah! esse verso imenso de ansiedade,
Esse verso de amor que te fizesse
Ser eterno por toda a eternidade...
Florbela Espanca
(1894-1930)
Um abraço carinhoso.*Ju*
Prince
Lindos poemas escritos por uma alma sofrida...
O blog esta lindo...como sempre!
Bjs...
Cassia
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