domingo, 9 de abril de 2017

Vinte Poemas de Amor nº 4 - Pablo Neruda

É a manhã cheia de tempestade 
no coração do verão.

Como lenços brancos de adeus 
viajam as nuvens
que o vento sacode com as viageiras mãos.

Inumerável coração do vento 
pulsando sobre o nosso silêncio apaixonado.

Zumbindo entre as árvores, 
orquestral e divino, 
como uma língua cheia de guerras e de cantos. 

Vento que leva em rápido roubo a ramaria 
e desvia as flechas latentes dos pássaros.

Vento que a derruba em onda sem espuma
e substância sem peso, e fogos inclinados.

Despedaça-se e submerge 
o seu volume de beijos
combatido na porta do vento do verão.


Pablo Neruda

Um comentário:

Daniela disse...

Você usou fontes diferentes na escrita das palavras? Ficou bacana! Deu mais ênfase a esse belo poema! Bjs