domingo, 14 de maio de 2017

Vinte Poemas de Amor nº 18 - Pablo Neruda

Aqui te amo nos sombrios pinheiros desenreda-se o vento a lua fosforesce sobre as águas errantes andam dias iguais a perseguir-me.

Desperta-se a névoa em dançantes figuras. Uma gaivota de prata desprende-se do ocaso. Às vezes uma vela. Altas, altas estrelas.

Ou a cruz negra de um barco.
Sozinho. Às vezes amanheço e até a alma está úmida. Soa, ressoa o mar ao longe.

Este é um porto. Aqui te amo. Aqui te amo e em vão te oculta o horizonte. Eu continuo a amar-te entre estas frias coisas. Às vezes vão meus beijos nesses navios graves que correm pelo mar onde nunca chegam.

Já me vejo esquecido como estas velhas âncoras.
São mais tristes os cais quando fundeia a tarde. A minha vida cansa-se inutilmente faminta. Eu amo o que não tenho. E tu estás tão distante.

O meu tédio forceja com os lentos crepúsculos.Mas a noite aparece e começa a cantar-me a lua faz girar a sua rodagem de sonho.

Olha-me com os teus olhos as estrelas maiores. E como eu te amo, os pinheiros no vento querem cantar o teu nome com as folhas de arame.

Pablo Neruda

3 comentários:

Unknown disse...

Linda foto! Perfeita, triste, absoluta! O poema, como sempre, sem comentários...

Cassia

Daniela disse...

Dentro de nós tem muito barulho e muito silêncio também! Uns escolhem ser barulhentos, outros silenciar a alma e há quem encontre o equilíbrio, descobrindo-se a cada dia! Gostei da imagem e da cor da letra! Beijos.

Cris disse...

Prince,
Boa tarde!
Vi que diminuiu suas próprias publicações.
Deve estar ocupado...
Sou sua fã, e cada vez mais, vejo que homens como você são raros.
Sempre venho aqui para ler!
Desejo seu retorno e sucesso.