Sou somente o lugar
Onde se sente ou pensa.
Tenho mais almas que uma
Há mais eus do que eu mesmo.
Existo todavia
Indiferente a todos
Faço-os calar: eu falo.
Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem sou.
Ignoro-os.
Nada ditam
A quem me sei: eu escrevo.
Poesia de Fernando Pessoa como Ricardo Reis, em 13-11-1935.
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