quarta-feira, 13 de maio de 2020

William-Adolphe Bouguereau (1825-1905)

 
William-Adolphe Bouguereau, pintor francês, nasceu em La Rochelle no ano de 1825 e morreu na mesma cidade em 1905, dedicando-se à pintura neoclássica, ou academicista.
 

Mais tarde, como professor na mesma escola, se opôs firmemente aos pintores impressionistas, especialmente a Edouard Manet (1832-1883), colocando-se como um dos defensores intransigentes da pintura acadêmica.


Sua técnica incontestável, sua maneira suave e minuciosa, podem ser observadas em toda a sua obra.
 
O academicismo(ou neoclassicismo) os remete ao estilo pictorial da Idade Média(Arte Românica e Gótica) e ao Renascimento, embora a pintura acadêmica tenha sofrido sensíveis alterações com o transcorrer de vários séculos.
 
Mas ainda é possível ver, nos quadros de Bouguereau, a semelhança extraordinária de suas mulheres com as Madonas de Rafael;em seus anjos, a lembrança de Michelangelo.
 





Vejam uma pagina com vários de seus quadros,

Nos diversos posts do Prince Cristal 
serão encontradas diversas obras de arte dos mais diversos gêneros. 
desde a clássica a impressionista !

domingo, 10 de maio de 2020

O Caos e Efeito Borboleta - Prince Cristal

Este é um tema instigante e moderno que trata dos muitos fenômenos que não podiam ser previstos por leis matemáticas. Os fenômenos ditos "caóticos" são aqueles onde não há previsibilidade. 

Por exemplo: o gotejar de uma torneira. Nunca se sabe a frequência com que as gotas de água caem e não podemos determinar uma equação que possa descrevê-la. As variações climáticas e as oscilações da bolsa de valores também são caóticos. 

Atualmente, com o desenvolvimento da Matemática e das outras ciências, a Teoria do Caos surgiu com o objetivo de compreender e dar resposta às flutuações erráticas e irregulares que se encontram na Natureza.

Nas últimas décadas, depois de um árduo trabalho, matemáticos e físicos elaboraram teorias para explicar o caos. Hoje sabe-se muito a respeito de fenômenos imprevisíveis, e já é possível ver os resultados. 

Uma lei básica da Teoria do Caos afirma que a evolução de um sistema dinâmico depende crucialmente das suas condições iniciais. O comportamento do sistema dependerá então da sua situação "de início". Se analisarmos o mesmo sistema, sob outras condições iniciais, logicamente ele assumirá outros caminhos e mostrar-se-á totalmente diferente do anterior.

Efeito borboleta é um termo que se refere às condições iniciais dentro da teoria do caos. Este efeito foi analisado pela primeira vez em 1963 por Edward Lorenz

Segundo a teoria apresentada... O bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo .

O Efeito Borboleta encontra também espaço em qualquer sistema natural, ou seja, em qualquer sistema que seja dinâmico, complexo e adaptativo. Este tema complexo é o que nos aproxima mais do segredos do universo e das leis mais simples da natureza. 

Na minha VISÃO é a equação de DEUS !

sábado, 9 de maio de 2020

Poema dos olhos da amada - Vinicius de Moraes

Ó minha amada 
Que olhos os teus 
São cais noturnos cheios de adeus 
São docas mansas trilhando luzes 
Que brilham longe 
Longe dos breus… 

Ó minha amada que olhos os teus 
Quanto mistério nos olhos teus 
Quantos saveiros quantos navios 
Quantos naufrágios nos olhos teus… 

Ó minha amada 
Que olhos os teus 
Se Deus houvera fizera-os Deus 
Pois não os fizera quem não soubera 
Que há muitas era nos olhos teus. 

Ah, minha amada 
De olhos ateus cria a esperança 
Nos olhos meus 
De verem um dia o olhar mendigo 
Da poesia nos olhos teus.

Vinícius de Moraes

sexta-feira, 8 de maio de 2020

A Moreninha - Obra de Joaquim Manuel de Macedo

O romance A Moreninha (1844) concedeu ao seu autor, Joaquim Manuel de Macedo, imenso prestígio nos salões sociais na época em que foi publicado. O romantismo inscrevia-se como o movimento literário em voga, favorecendo a criação de narrativas fundamentadas sobre temas amenos: o amor "açucarado" com um ligeiro e suave suspense que termina em páginas brandas e felizes para todos... e para sempre.

A Moreninha surge como um modelo exemplar desse estilo. A obra retrata os costumes da alta sociedade carioca dos meados do século 19, onde as mulheres tinham seus momentos de flerte nos saraus, bailes e óperas de teatro.

É nesse ambiente circundado pelas paisagens da Tijuca e pelas praias cariocas (ainda desertas) que vemos se desenrolar a narrativa do romance.

Resumo
O enredo inicia-se com três amigos e estudantes de Medicina, Augusto, Fabrício e Leopoldo, sendo convidados por outro colega, Filipe, para passar o dia de Sant'Ana na casa de praia de sua avó. (O mês de julho era considerado o mês de Sant'Ana.)
Apenas Augusto hesita e se diz disposto a não ir. Mas, a presença da irmã, Carolina - a Moreninha , e das primas de Filipe, Joana - a pálida, e Joaquina - a loira, entre outros divertimentos, servem como incentivo, e logo todos se põem prontos para a viagem.

Os amigos decidem ainda fazer uma aposta: se Augusto conseguisse apaixonar-se por uma única jovem durante quinzes dias ou mais, visto que se julgava incapaz para tanto, ele assumiria o compromisso de escrever um romance relatando tal paixão.

O jovem evita cair nas graças das mulheres que encontra, desfazendo as esperanças nele depositadas e mostrando-se leviano às investidas românticas. Causando tanto mais medo do que mesmo infelicidade na imaginação das senhoritas, Augusto passa a ser rejeitado nesse círculo.

Todavia, Carolina, a Moreninha, uma jovem de quinze anos, inteligente e zombeteira, trará uma nova atmosfera à alma de Augusto. Tomado por sentimentos perturbadores, o rapaz acaba confessando a D. Ana, avó da menina, um segredo guardado há sete anos, no qual estava a explicação para a sua personalidade obscura e instável. Passemos ao episódio.
Augusto tinha treze anos quando esteve na Corte e, durante um de seus passeios pelas praias cariocas, conheceu uma linda menina, contando não mais do que oito anos. Ela então observava uma concha à beira-mar, mas o ir e vir das ondas impedia que ela avançasse sobre a areia para pegar o objeto de seus caprichos.

Depois de tanto brincar com as vagas, até cair, a menina dirigiu-se a Augusto mimosamente, lastimando não ter conseguido apanhar a concha. Prontamente, ele se dispôs a trazê-la para a menina; foi assim que fizeram amizade e viriam a passar longas horas de deliciosas brincadeiras infantis.

Em meio às travessuras, a garotinha perguntou-lhe se desejava um dia casar-se com ela. Embora aturdido, Augusto acabou por aceitar a ousada proposta. A promessa fez com que seus nomes deixassem de ter importância, e assim passaram a tratar-se por "meu marido" e "minha mulher".

Mas, a aproximação de um garoto aos prantos anunciando a morte do pai viria quebrar o encanto do momento. Augusto e a menina foram conduzidos até uma pequena casa, onde se achava um homem agonizante junto a sua família em sofrimento. Pouco, ou nada, poderia ser feito.

Uma caridade realizada por Augusto e sua nova amiga fez o velho abençoá-los, profetizando a união de ambos... deu-lhes, então, dois breves: um branco, que levaria costurado um camafeu de Augusto, presenteado à garota; e outro verde, cosido a um botãozinho de esmeralda da blusa da menina, por sua vez oferecido a Augusto.

Pouco antes de o ancião expirar, os dois partiram. Despediram-se na praia, mantendo o enigma de seus nomes, mas vivo o juramento de amor feito diante do homem: o de um dia se encontrarem e serem felizes juntos. Assim, Augusto termina a sua curiosa história. No entanto, além de D. Ana, os ouvidinhos aguçados de Carolina também tinham acompanhado secretamente sua narrativa.

Em outra conversa com a velha senhora, Augusto comenta sobre o malogro de suas paixões: ele já tinha sido enganado por três jovens que escarneceram de suas devoções afetivas. A primeira, uma moreninha, deixou-o esperançoso pelo período de oito dias, finalmente casando-se com um velho.

A segunda, uma coradinha, mostrava-se ciumenta e possessiva, mas ria-se dele pelas suas costas, enamorada de outro. A terceira, uma jovem pálida, fazia-o acreditar ser o único em sua vida, mas enganava-o com um primo. Tantas desilusões levaram-no a crer que a melhor saída era namoriscar todas e não dar o coração a nenhuma.

O fim de semana termina e os jovens voltam à Corte. Augusto traz consigo mais do que uma lembrança da agradável companhia dos amigos e de D. Ana; ele guarda um sentimento profundo que irá rendê-lo à afabilidade de Carolina. Isso o fará retornar a casa da jovem, e juntos descobrir se-ão amigos e enamorados.

Após um breve período de distância entre os dois, o que os leva a uma grande tristeza, Augusto corre ao encontro da amada. Porém, a Moreninha repreende-o por trair o voto feito à garotinha que conhecera há sete anos e ao homem em seu leito de morte. Augusto declara ser impossível reconhecê-la, ou mesmo encontrá-la e, ainda que isso fosse possível, como ele poderia negar o amor sincero que agora sentia por Carolina?

É o momento de desfazer-se o mistério: a jovem revela o breve que um dia ganhara de um velho às vésperas de sua morte, e nele estava enrolado o camafeu pertencente a Augusto. Comovidos, concluem que a espera e a busca tinham chegado ao fim.

Também a aposta antes lançada pelos amigos estava ganha: Augusto escreveria sua história, uma história de amor e final feliz, intitulada A Moreninha.

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Segue o teu destino - Fernando Pessoa

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

Fernando Pessoa como Ricardo Reis em 1916

domingo, 3 de maio de 2020

Vivem em nós inúmeros - Fernando Pessoa

Vivem em nós inúmeros;
Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa ou sente.

Sou somente o lugar
Onde se sente ou pensa.

Tenho mais almas que uma
Há mais eus do que eu mesmo.

Existo todavia
Indiferente a todos
Faço-os calar: eu falo.

Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem sou.

Ignoro-os. 
Nada ditam
A quem me sei: eu escrevo.

Poesia de Fernando Pessoa como Ricardo Reis, em 13-11-1935. 

sábado, 2 de maio de 2020

Do You Remember - Phil Collins

Para lembrar ... do primeiro beijo 
da primeira despedida... 
Clip sensacional de 1989
Do you remember? Phil Collins
Nós nunca falamos sobre isso, 
mas ouço que a culpa foi minha
Eu ligaria para pedir desculpas
Mas eu não queria desperdiçar seu tempo
Porque eu te amo, mas não consigo suportar mais
Tem um olhar que eu não consigo descrever em seus olhos
Se nós tentássemos, como tentamos antes
Você continuaria a me dizer aquelas mentiras?
Você se lembra?

Parecia que não tinha jeito de fazer as pazes
Porque parecia que você tinha tomado sua decisão
E o jeito que você me olhou me disse
É um olhar que eu sei que jamais esquecerei
Você poderia ter vindo pro meu lado

Você poderia ter me deixado saber
Você poderia ter tentado ver a distância entre nós
Mas parecia longe demais para você percorrer
Você se lembra?

Durante toda a minha vida
A despeito de toda a dor
Você sabe que as pessoas são estranhas as vezes
Porque elas apenas não esperam se machucar de novo
Me diga, você se lembra?

Existem coisas que não vamos recordar
E sentimentos que nós nunca acharemos
Está demorando tanto para ver isso
Porque nós nunca parecíamos ter tempo
Havia sempre alguma coisa mais importante para fazer
Mais importante para dizer
Mas "eu te amo" não era uma dessas coisas
E agora é tarde demais
Você se lembra?

sexta-feira, 1 de maio de 2020

A vida como ela é - A mulher das bofetadas - Nelson Rodrigues

Chegou atrasado no emprego. Tirava o paletó, quando o Carvalhinho veio avisar:

- Olha, telefonaram pra ti.
- Homem ou mulher?
- Mulher.
- Deixou recado?
- Não. Disse que telefonava depois. Arregaçando as mangas, bufou: ok! ok!

Uns dez minutos depois, estava pondo em ordem uns papéis, quando o telefone bate novamente. O contínuo, que atendeu, berrou:

- Aristides!

Larga o serviço e apanha o telefone. Era uma voz feminina que, a princípio, não identificou.

A pessoa perguntava: 
- “Não me conheces mais?”. Aristides, já impaciente, foi quase grosseiro:
-Quer dizer quem fala? Estou ocupadíssimo e não posso perder tempo.

Há uma pausa e, finalmente, a voz responde:

- Sou Dorinha.

Aristides quase cai para trás, duro.

Dorinha era o seu amor jamais esquecido ou, melhor, a sua dor-de-cotovelo confessa e imortal. Que idade teria ela, no momento? Uns vinte e cinco anos. Tinham se namorado na adolescência. Por um motivo bobo, haviam brigado. E quando Aristides, devorado pela nostalgia, quis voltar, ela já estava apaixonada por um outro, o Gouveia. Durante uns seis meses, Aristides andou pensando, dia após dia, em meter uma bala na cabeça. Acabou renunciando ao suicídio, mas ficou-lhe, para sempre, o sofrimento surdo. Dorinha casara-se com o Gouveia, tinha dois filhos de Gouveia. E sempre que a via, acidentalmente, na rua, Aristides precisava tomar um pileque dantesco. E, súbito, ela telefona, a inesquecível, a insubstituível Dorinha! Ao impacto da surpresa, gagueja:

- Ah, como vai você?
- Bem. E você?
- Navegando.

E, então, Dorinha diz-lhe:

- Preciso muito falar contigo.
- Comigo? E quando?
- Já.
- Pois não. Estou às tuas ordens. — E, na sua ternura so­frida, pergunta: — Tu sabes que mandas em mim, não sabes?

Combinaram o encontro, para daí a vinte minutos, numa sorveteria da rua da Carioca.
Aristides largou o serviço, que estava atrasadíssimo, e correu para o elevador. Daí a dez minutos, estava no local. Encontrou-a mais linda, mais fresca do que nunca. Diante da mulher que nun­ca deixara de amar, não se conteve. Com o coração disparando, começou:

- Sou todo teu. Nunca deixei de te amar.

Tomando refresco, com canudinho, Dorinha vai falando:

- Eu preciso de um favor teu. Mas quero que prometas que não pensarás mal de mim.

O espanto do rapaz foi uma coisa sincera e profunda:

- Você acha que eu posso fazer má ideia de ti? Oh, Do­rinha!

Então, sem desfitá-lo, Dorinha disse:

- Meu marido partiu hoje, ao meio-dia, para São Paulo. De hoje para amanhã, eu sou uma espécie de solteira ou, então, de viúva. De qualquer maneira, uma mulher livre. Pensei em você, que merece toda a minha confiança e… Está compreendendo?

Numa confusão total, balbuciou:

- Mais ou menos.

E ela:

- Para falar português claro: 
- estou oferecendo a minha tarde. Leva-me!

Deslumbrado, exclama:

- Oh, Dorinha!

Ele pagou, trêmulo, a despesa.

Saem e, lá fora, Dorinha observa:

- Mas não devo me expor. Arranja um interior, sim?

Acontece que Aristides mantinha, de sociedade com um amigo, um apartamento em Botafogo.

Cheio de escrúpulos, bai­xa a voz: — “Eu tenho um lugar, assim, assim, discretíssimo”.

Dorinha interrompe: — “Ótimo!”.

Tomam um táxi, que ia passando. A caminho de Botafogo, a pequena começa:

- Você, naturalmente, está espantado e querendo uma explicação.

Protesta, veemente:

- Explicação nenhuma! Basta o fato em si! Você está aqui, comigo, a meu lado, e não interessam os motivos, argumentos, nada!

Quando entraram, uns quinze minutos depois, no apartamento, Aristides não sabia o que dizer. Ainda uma vez, Dori­nha toma a iniciativa:

- Você não me beija?

Ofereceu-lhe a boca. Aristides experimentou uma espécie de vertigem. O primeiro beijo, depois de tanto tempo, foi uma dessas coisas que marcam para sempre. Em seguida, ele a carrega no colo, como uma noiva de fita de cinema. Uma hora e pouco depois, já a noite entrara no apartamento e Dorinha estava diante do espelho, refazendo a pintura. Aristides veio, por trás, beijar-lhe os ombros nus; e suspira:

- Eu não sabia que gostavas tanto de mim!

Dorinha vira-se, com divertida surpresa:

- Mas eu não gosto de ti.

Atônito, pergunta:

- E isso que aconteceu entre nós? Não conta?

A pequena está de pé:
- Era a explicação que eu queria te dar e que tu recusaste. O meu marido, ontem, discutiu comigo e me deu uma bofetada. Estou aqui por causa da bofetada. Mas amo o meu marido e só meu marido.

Ele insiste, desesperado:

- Quer dizer que não vamos continuar?

Responde:

- Depende. Se meu marido me bater outra vez, já sabe:

- eu telefono pra ti.

Sem uma palavra, na maior humilhação de sua vida, deixou-a partir.

Mas quando a porta fechou-se atrás da pequena, ele caiu, de joelhos, no meio do quarto, mergulhou o rosto nas mãos e soluçou como uma criança.

Durante uma semana, ele foi o ser mais humilhado e mais ofendido da Terra. Dizia de si para si:

- “A cínica! A cínica!”. E pior é que era incapaz de sentir atração por qualquer outra mulher. Uns quinze dias depois, ele atende o telefone: 
- era ela. Perguntava, alegremente:

- Vamos lá, outra vez?

Foram. E, no apartamento, ela suspira:

- Imagina, deu-me outra bofetada.

Encontraram-se outras vezes, sempre em função de novas bofetadas. Até que, uma tarde, entre um beijo e outro, ela exclama:

- Os homens são muito burros!

- Por quê?

E Dorinha:

- Tu não percebeste que não houve bofetada nenhuma? Que meu marido não me esbofeteou nunca? E que eu te amo, te amo e te amo?