sábado, 4 de fevereiro de 2017

Solidão - Cecilia Meireles

Imensas noites de inverno,
com frias montanhas mudas,
e o mar negro, mais eterno,
mais terrível, mais profundo.

Este rugido das águas
é uma tristeza sem forma:
sobe rochas, desce fráguas,
vem para o mundo, e retorna...

E a névoa desmancha os astros,
e o vento gira as areias:
nem pelo chão ficam rastros
nem, pelo silêncio, estrelas.

A noite fecha seus lábios
— terra e céu —
guardado nome.
E os seus longos sonhos sábios
geram a vida dos homens.

Geram os olhos incertos
por onde descem os rios
que andam nos campos abertos
da claridade do dia.

Cecilia Meireles

2 comentários:

Ka disse...

Linda poesia de Cecília Meireles com imagem maravilhosa!
The best, Prince!

Daniela disse...

Mulher que aprendeu a ser forte desde pequena com a dor e a solidão. Encontrou em suas poesias o significado da vida! Prince, esse poema lindo de Cecília que você compartilha com nós é carregado de sentimento, de vida, de Cecília Meireles! Amei!