domingo, 25 de fevereiro de 2018

Da a Surpresa de Ser - Fernando Pessoa

Da a surpresa de ser.
É alta, de um louro escuro,
faz bem só pensar em ver
seu corpo meio maduro.

Seus seios altos parecem
(se ela estivesse deitada)
dois montinhos que amanhecem
sem ter que haver madrugada.

E a mão do seu braço branco
assenta em palmo espalhado
sobre a saliência do flanco
do seu relevo tapado.

Apetece como um barco.

Tem qualquer coisa de gnomo.

Meu Deus, quando é que eu embarco?

Ó fome, quando é que eu como?



Fernando Pessoa

domingo, 18 de fevereiro de 2018

O espelho não me prova que envelheço - Shakespeare

O espelho não me prova que envelheço 
Enquanto andares par com a mocidade; 
Mas se de rugas vir teu rosto impresso, 
Já sei que a Morte a minha vida invade. 

Pois toda essa beleza que te veste 
Vem de meu coração, que é teu espelho; 
O meu vive em teu peito, e o teu me deste: 
Por isso como posso ser mais velho? 

Portanto, amor, tenhas de ti cuidado 
Que eu, não por mim, antes por ti, terei; 
Levar teu coração, tão desvelado 
Qual ama guarda o doce infante, eu hei. 

E nem penses em volta, morto o meu, 
Pois para sempre é que me deste o teu. 

William Shakespeare

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Sou daquelas almas que as mulheres dizem que amam - Fernando Pessoa

Sou daquelas almas
que as mulheres dizem que amam, 
e nunca reconhecem quando encontram, 
daquelas que, se elas as reconhecessem, 
mesmo assim não as reconheceriam.

Sofro a delicadeza dos meus sentimentos 
com uma atenção desdenhosa.

Tenho todas as qualidades, 
pelas quais são admirados os poeta românticos, 
mesmo aquela falta dessas qualidades, 
pela qual se é realmente poeta romântico.

Encontro-me descrito (em parte)
em vários romances 
como protagonista de vários enredos; 
mas o essencial da minha vida,
como da minha alma, 
é não ser nunca protagonista. 

Fernando Pessoa como Bernardo Soares
Imagem do inesquecível filme Casablanca

domingo, 28 de janeiro de 2018

No meio do Caminho - Carlos Drummond

No meio do caminho
tinha uma pedra,
tinha uma pedra
no meio do caminho,
tinha uma pedra, 
no meio do caminho 
tinha uma pedra. 

Nunca esquecerei
desse acontecimento 
na vida de minhas retinas
tão fatigadas.

Nunca me esquecerei 
que no meio do caminho 
tinha uma pedra,
tinha uma pedra
no meio do caminho, 
no meio do caminho
tinha uma pedra.

Carlos Drummond de Andrade
Sempre teremos pedras em nosso caminho... 
Cuidemos sempre dos nossos caminhos !

domingo, 21 de janeiro de 2018

A minha dor - Florbela Espanca

A minha Dor é um convento ideal
Cheio de claustros, sombras, arcarias,
Aonde a pedra em convulsões sombrias
Tem linhas dum requinte escultural.

Os sinos têm dobres de agonias
Ao gemer, comovidos, o seu mal…
E todos têm sons de funeral
Ao bater horas, no correr dos dias…

A minha Dor é um convento. Há lírios
Dum roxo macerado de martírios,
Tão belos como nunca os viu alguém!

Nesse triste convento aonde eu moro,
Noites e dias rezo e grito e choro,
E ninguém ouve…

ninguém vê…
ninguém…

Florbela Espanca

domingo, 7 de janeiro de 2018

Viva hoje - Pablo Neruda

Morre lentamente quem não viaja, 
Quem não lê, 
Quem não ouve música, 
Quem não encontra graça em si mesmo.

Morre lentamente quem destrói seu amor próprio, 
Quem não se deixa ajudar, 
Morre lentamente 
Quem se transforma em escravo do hábito 
Repetindo todos os dias os mesmos trajetos.

Quem não muda de marca, 
Não se arrisca a vestir uma nova cor 
Ou não conversa com quem não conhece. 

Morre lentamente quem evita uma paixão 
E seu redemoinho de emoções,
Justamente as que resgatam o brilho dos olhos 
E os corações aos tropeços. 

Morre lentamente quem não vira a mesa 
Quando está infeliz com o seu trabalho ou amor, 
Quem não arrisca o certo pelo incerto 
Para ir atrás de um sonho. 

Quem não se permite 
Pelo menos uma vez na vida, 
Fugir dos conselhos sensatos... 

Pablo Neruda 
Viva hoje... Arrisque hoje... Faça hoje! 
Não se deixe morrer lentamente e nunca se esqueça de ser feliz!

domingo, 31 de dezembro de 2017

Ano Novo - Mario Quintana

Bendito quem inventou o belo truque do calendário, pois o bom da segunda-feira, do dia 1º do mês e de cada ano novo é que nos dão a impressão de que a vida não continua,
mas apenas recomeça...


Texto genial de Mario Quintana
Desejo a cada um de vocês,
 que recomessem sempre.
Feliz 2018 !

domingo, 24 de dezembro de 2017

Poema de Natal - Vinicius de Moraes

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos.

Por isso temos braços 
longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.

Assim será nossa vida:
uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente. 

Vinicius de Moraes 
Livro "Antologia Poética", Rio de Janeiro, 1960.

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Sonhos de uma noite de verão - Shakespeare

Há quem diga que
todas as noites são de sonhos.
Mas há também quem diga nem todas,
só as de verão... mas no fundo
isso não tem muita importância.
O que interessa mesmo não são as noites em si,
São os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre.
Em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado.

"Sonhos de uma noite de verão"
Peça de William Shakespeare

domingo, 17 de dezembro de 2017

A mulher que passa - Vinicius de Moraes

Meu Deus,
eu quero a mulher que passa.

Seu dorso frio
é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos
Sete esperanças na boca fresca!

Oh! Como és linda,
mulher que passas
Que me sacias e suplicias
Dentro das noites,
dentro dos dias!

Teus sentimentos são poesia
Teus sofrimentos, melancolia.

Teus pelos são relva boa
Fresca e macia.

Teus belos braços são cisnes mansos
Longe das vozes da ventania.

Meu Deus,
eu quero a mulher que passa!
Como te adoro, mulher que passas
Que vens e passas, que me sacias
Dentro das noites, dentro dos dias!
Por que me faltas, se te procuro?
Por que me odeias quando te juro
Que te perdia se me encontravas
E me encontravas se te perdias?

Por que não voltas, mulher que passas?Por que não enches a minha vida?
Por que não voltas, mulher querida
Sempre perdida, nunca encontrada?
Por que não voltas à minha vida
Para o que sofro não ser desgraça?

Meu Deus,
eu quero a mulher que passa!
Eu quero-a agora, sem mais demora
A minha amada mulher que passa!

No santo nome do teu martírio
Do teu martírio que nunca cessa
Meu Deus, eu quero, quero depressa
A minha amada mulher que passa! 

Que fica e passa, que pacífica
Que é tanto pura como devassa
Que boia leve como cortiça
E tem raízes como a fumaça.

domingo, 26 de novembro de 2017

Nua Poesia - Manuel Bandeira

Quando estás vestida,
Ninguém imagina
Os mundos que escondes
Sob as tuas roupas.

Assim, quando é dia,
Não temos noção
Dos astros que luzem
No profundo céu.

Mas a noite é nua,
E, nua na noite,
Palpitam teus mundos
E os mundos da noite.

Brilham teus joelhos,
Brilha o teu umbigo,
Brilha toda a tua
Lira abdominal.

Teus exíguos
Como na rijeza
Do tronco robusto
Dois frutos pequenos
Brilham.

Ah, teus seios!
Teus duros mamilos!
Teu dorso! Teus flancos!
Ah, tuas espáduas!

Se nua, teus olhos
Ficam nus também:
Teu olhar, mais longe,
Mais lento, mais líquido.

Então, dentro deles,
Boio, nado, salto
Baixo num mergulho
Perpendicular.


Baixo até o mais fundo
De teu ser, lá onde
Me sorri tu’alma
Nua, nua, nua…


Manuel Bandeira

domingo, 19 de novembro de 2017

Evolução - Mario Quintana


Todas as noites o sono nos atira da beira de um cais

e ficamos repousando no fundo do mar.

O mar onde tudo recomeça…

Onde tudo se refaz…

Até que, um dia, nós criaremos asas.

E andaremos no ar como se anda em terra.

domingo, 12 de novembro de 2017

Cada um cumpre o destino que lhe cumpre - Fernando Pessoa


Cada um cumpre o destino que lhe cumpre,
E deseja o destino que deseja.

Nem cumpre o que deseja,
Nem deseja o que cumpre.

Como as pedras na orla dos canteiros
O Fado nos dispõe, e ali ficamos.

Que a Sorte nos fez postos
Onde houvemos de sê-lo.

Não tenhamos melhor conhecimento
Do que nos coube que de que nos coube.

Cumpramos o que somos.
Nada mais nos é dado.



Fernando Pessoa
como Ricardo Reis

domingo, 5 de novembro de 2017

Eu Prometo - Geraldo Souza

Eu prometo não te prometer nada
Nem te amar para sempre
Nem não te trair nunca 
Nem não te deixar jamais 

Estou aqui, te sinto agora, 
sem máscaras nem artifícios 
e quero ficar apenas 
enquanto for bom para os dois
 que cada um fique 

Nada a te oferecer senão eu mesmo 
Nada a te pedir senão que sejas quem tu és 
A verdade é o que de melhor 
temos para compartilhar 

Tuas coisas continuam tuas 
e as minhas, minhas. 
Nada de mudarmos tudo na loucura de tornar eterno 
esse breve instante que passa. 

Se crescermos como pessoas, 
ainda que em direções opostas, 
saberemos nos amar pelo que somos, 
sem medo ou vergonha 
de nos revelarmos um ao outro por inteiro, 
tal como a gente é.

Não te prendo e 
não permito que me prendas.
Nenhuma corrente 
pode deter o curso da vida.
Nenhuma promessa 
pode substituir amor.

Quero que sejas livre 
como eu próprio quero ser 
Companheiros de uma viagem 
que estará recomeçando 
cada vez que a gente se encontrar. 

Texto de Geraldo Souza
O Prince acredita no amor, na verdade, 
no presente e sem promessas!

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Inconstância - Florbela Espanca

Procurei o amor, que me mentiu.
Pedi à Vida mais do que ela dava;
Eterna sonhadora edificava
Meu castelo de luz que me caiu!

Tanto clarão nas trevas refulgiu,
E tanto beijo a boca me queimava!
E era o sol que os longes deslumbrava
Igual a tanto sol que me fugiu!

Passei a vida a amar e a esquecer…
Atrás do sol dum dia outro a aquecer
As brumas dos atalhos por onde ando…
E este amor que assim me vai fugindo

É igual a outro amor que vai surgindo,
Que há-de partir também… nem eu sei quando…

Florbela Espanca

domingo, 8 de outubro de 2017

Um dia acordarás - Mario Quintana

Um dia acordarás num quarto novo
sem saber como foste para lá
e as vestes que acharás ao pé do leito
de tão estranhas te farão pasmar,
A janela abrirás, devagarinho:
Fará nevoeiro e tu nada verás…
Hás de tocar, a medo, a campainha
e, silenciosa, a porta se abrirá.
E um ser, que nunca viste, em um sorriso
triste, te abraçará com seu maior carinho
e há de dizer-te para teu assombro:
- Não te assustes de mim, que sofro a tanto!
Quero chorar - apenas - no teu ombro
e devorar teus olhos, meu amor…

Mario Quintana

domingo, 1 de outubro de 2017

Flor de Lótus - Prince Cristal

A Flor de Lótus (Nelumbo Nucífera), também conhecida como Lótus Egípcio, Lótus Sagrado e Lótus da Índia, é uma planta da família das Ninfáceas (mesma família da vitória-régia) nativa do sudeste da Ásia (Japão, Filipinas e Índia, principalmente).
Os povos orientais têm esta flor como símbolo da espiritualidade, pois acreditam que ela desabrocha aqui na Terra somente depois de ter nascido no mundo espiritual. 
O puro lótus branco, a única planta que frutifica e floresce simultaneamente, emerge das profundezas dos pântanos e simboliza a manifestação da natureza universal de Buda ou a consciência de Cristo.
Suas flores são consideradas sagradas pelos budistas da Índia, Tibet, e China.
As flores de lótus foram muito usadas na arte e na arquitetura do Egito antigo.
Nas pinturas tibetanas linhagens de budas e homens santos aparecem flutuando sobre flores de lótus - uma representação dos tronos da suprema espiritualidade. Nas escrituras budistas, no Tibete, conta-se que milagrosamente o pequeno Buda já podia andar ao nascer e que a cada passo que a criança “iluminada” dava, brotavam-lhe flores de lótus de suas pegadas ...
uma das assinaturas de sua origem divina.

Na Índia a planta está relacionada com a criação do mundo. De acordo com as escrituras indianas foi do umbigo de Deus Vishnu que teria nascido uma brilhante flor de lótus e desta teria surgido outra divindade, isto é, Brahma, o criador do cosmo.
Um dos mais interessantes relatos da mitologia egípcia sobre a origem de nosso planeta conta que num tempo muito distante, quando o universo ainda não existia, um cálice de lótus com as pétalas fechadas flutuava nas trevas, um relato que faz lembrar a declaração bíblica que diz: 
“E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”.
Entediada com o vazio, a flor pediu ao Deus Sol Rá (uma divindade andrógina, simultaneamente masculina e feminina) que criasse o universo. 
Tendo criado, a flor agradecida pelo desejo realizado passou a abrigar o Deus Sol em suas pétalas durante a noite de onde ele sai ao amanhecer para iluminar a sua criação.

domingo, 24 de setembro de 2017

Nossa Loucura - Mario Quintana

“ Nossa loucura é a mais sensata das emoções;
tudo o que fazemos 
deixamos como exemplo
para os que sonham um dia 
serem assim como nós:
LOUCOS
…mas FELIZES !!! “

domingo, 17 de setembro de 2017

Primavera - Fernando Pessoa

Vai alta no céu a lua da Primavera
Penso em ti e dentro de mim estou completo.

Corre pelos vagos campos 
até mim uma brisa ligeira.
Penso em ti, murmuro o teu nome;
e não sou eu: sou feliz.

Amanhã virás, 
andarás comigo a colher flores pelo campo,
E eu andarei contigo pelos campos 
ver-te colher flores.

Eu já te vejo amanhã a colher flores 
comigo pelos campos,
Pois quando vieres amanhã e
andares comigo no campo a colher flores,

Isso será uma alegria e uma verdade para mim.

Fernando Pessoa
como Alberto Caieiro

domingo, 27 de agosto de 2017

Em horas inda Louras, Lindas - Fernando Pessoa

Em horas inda louras, lindas
Clorindas e Belindas, brandas,
Brincam no tempo das berlindas,
As vindas vendo das varandas,
De onde ouvem vir a rir as vindas
Fitam a fio as frias bandas. 

Mas em torno à tarde se entorna 
A atordoar o ar que arde 
Que a eterna tarde já não torna ! 
E o tom de atoarda todo o alarde 
Do adornado ardor transtorna 
No ar de torpor da tarda tarde. 

E há nevoentos desencantos 
Dos encantos dos pensamentos 
Nos santos lentos dos recantos 
Dos bentos cantos dos conventos... 
Prantos de intentos, lentos, tantos 
Que encantam os atentos ventos. 

Fernando Pessoa 
do livro Cancioneiro

domingo, 20 de agosto de 2017

Não sei... Se a vida é curta - Cora Coralina

Não sei... Se a vida é curta 
Ou longa demais pra nós,
mas sei que nada do que vivemos tem sentido, 
se não tocamos o coração das pessoas. 
Muitas vezes basta ser: 
Colo que acolhe, 
Braço que envolve, 
Palavra que conforta, 
Silêncio que respeita, 
Alegria que contagia, 
Lágrima que corre, 
Olhar que acaricia, 
Desejo que sacia, 
Amor que promove. 
E isso não é coisa de outro mundo, 
É o que dá sentido à vida. 
É o que faz com que ela 
Não seja nem curta, 
Nem longa demais, 
Mas que seja intensa, 
Verdadeira, pura... 
Enquanto durar 

Cora Coralina

domingo, 13 de agosto de 2017

Eros e Psique - Fernando Pessoa


Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,

E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.


Poesia de Fernando Pessoa.
Quadro de Bouguereau
Le ravissement de Psyche.

domingo, 6 de agosto de 2017

Ardo - Nietzche

"Sim, sei de onde venho!
Ardo para me consumir.

Aquilo em que toco torna-se luz,
carvão aquilo que abandono.

Sou certamente labareda!"



Friedrich Nietzsche

sábado, 22 de julho de 2017

Magnificat - Fernando Pessoa

Quando é que passará esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma, terei o meu dia?


Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei. O sol brilha alto,
Impossível de fitar.


As estrellas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.


O coração pulsa alheio,
Impossível de escutar.


Quando é que passará este drama sem theatro,
Ou este theatro sem drama,
E recolherei a casa?


Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida,
Quem tens lá no fundo?


É Esse! É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.


Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma: será dia!



Fernando Pessoa 
como Álvaro de Campos em 07/11/1933

quarta-feira, 19 de julho de 2017

Meu Filho - Prince Cristal

Filho escolhi este dia dos seus 26 anos
para te homenagear. 

Olho nos seus olhos e vejo o mar. 

E na sua ausência a maior riqueza passar.

Estando distante e perto, 
e sempre a te amar.

Obrigado a me ajudar ser simples,
escrever e cantar.

Triste por não te ter
por tanto tempo na visão, 
mas, feliz por tê-lo no coração.

Mesmo distante,
você me torna grande e especial.

E algum dia imortal !

do seu...

Pai