sábado, 11 de outubro de 2014

Outrora - Prince Cristal

Outrora... 
Onde os sonhos eram possíveis, 
encantadores sorrisos, 
indescritíveis declarações, 
entre imaginações e realizações
O nascer do sol em nossos corações. 

Os meus sonhos agora 
que não passam de uma quimera, 
linda primavera, 
verá...
e renascerá. 
Nascer do sol em São Miguel dos Milagres

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Canção do amor imprevisto - Mario Quintana

Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E a minha poesia é um vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.

Mas tu apareceste com a tua boca fresca de madrugada,
Com o teu passo leve,
Com esses teus cabelos...

E o homem taciturno ficou imóvel, sem compreender
nada, numa alegria atônita...

A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho inútil
Aonde viessem pousar os passarinhos.


Mario Quintana

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Não deixe o amor passar - Carlos Drummond

Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.

Se os olhares se cruzarem e, neste momento,houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.

Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.

Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor.

Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida:

O AMOR

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Eu Simplesmente Amo-te - Pablo Neruda

Eu amo-te sem saber como, ou quando, ou a partir de onde.

Eu simplesmente amo-te, sem problemas ou orgulho: 

eu amo-te desta maneira porque não conheço qualquer outra forma de amar sem ser esta, 

onde não existe eu ou tu, 
tão intimamente que a tua mão sobre o meu peito é a minha mão, 

tão intimamente que quando adormeço os teus olhos fecham-se. 


Pablo Neruda
in "Cem Sonetos de Amor"

domingo, 16 de setembro de 2012

Desejos a você - Carlos Drummond

Desejo a você...
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.

Rir como criança
Ouvir canto de passarinho.
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.


Poesia de Carlos Drummond de Andrade
e desejos do Prince para você...

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Me leva - Mario Quintana

Me leva... por caminhos de amor e prazer.
Se inflame na chama do meu corpo.

Me sufoca
Me enrosca
De forma natural se entregue
Me Pega
Me laça
Me abraça
Vem me induzir aos seus anseios e aos meus desejos tão loucos que aos poucos vão nos consumindo de tanto amor e prazer.

Eu quero seu amor a qualquer preço quero que você me tenha por inteiro.

Quero seus beijos ardentes, tão doces... tão quentes... e me embriagar no perfume do seu corpo para que possamos viajar nesse amor tão bonito.

Mario Quintana

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Eu escrevi um poema triste - Mario Quintana

Eu escrevi um poema triste
E belo,
apenas da sua tristeza.

Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza…

Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel…
Eu fico, junto à correnteza,

Olhando as horas tão breves…
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!

Mário Quintana

terça-feira, 28 de agosto de 2012

A masculinização da mulher - Prince Cristal

A emancipação feminina na sociedade ocidental teve diversos aspectos positivos no campo dos direitos e oportunidades e a mulher conquistou em décadas o espaço que lhe foi negado durante séculos. 

Todavia, frente a tantas conquistas, parece que estão perdendo um bem preciosíssimo, que as diferem das demais criaturas: as mulheres estão perdendo a sua feminilidade. Falo da masculinização da mulher, na atitude, no comportamento, na sexualidade e ate no jeito de se vestir. Longe de querer criar com esta crônica uma polemica, me chama atenção o número de mulheres que se masculinizam e sofrem por não encontrarem mais o "ideal romântico" ou a felicidade nesse novo papel.

As mulheres na década de 60-70 queimaram sutiãs, fizeram manifestações, piquetes, protestos e conquistaram muitos direitos. A fim de competir com o homem e conquistar seu merecido espaço no mercado de trabalho e na sociedade, a mulher teve de se “travestir” de homem, abrir mão de sua essência e se apossar das armas do homem, fazendo-se assim, tão dura e agressiva quanto ele.

Defendem as feministas, terem conseguido vitórias e sucesso, garantias e direitos para mulher.  É verdade, eu concordo, mas ainda defendem que a mulher foi completamente desviada da sua essência para um padrão criado pelas revistas, cinema e moda onde passou a representar o papel do ideal masculino de beleza. Seria mesmo isso? ou na verdade os padrões sempre existiram e mudaram com o tempo? 

A meu ver o padrão atual oscila entre a mulher cabide(entenda esquelética) e a bombada(entenda musculosa) que reforça o lado da masculinização visual.

Diante deste cenário comecei a perceber diversos cursos ensinando a mulher recuperar a essência da feminilidade. Isso virou um negócio, uma moda. Nas mais diversas áreas, vários profissionais vem tentando reensinar as mulheres a recuperar a característica perdida: curso de auto-ajuda para encontrar a face oculta da Deusa (leia-se comportamentos femininos inspirados nas Deusas mitológicas), cursos de danças sensuais, strip-tease e aulas de maquiagem inspirada em tradições tribais e hindu. Em quase todos os cursos as inspirações vem de antigas fontes orientais ou tradições ancestrais. 

Não questiono a validade destes cursos, mas ele atingirão apenas uma pequena parcela ou criarão mais confusão neste processo de mudança de comportamento das sociedades. O ponto em questão é que nesse tempo de acomodação estaremos perdendo uma geração de oportunidades com tristes desencontros.

O mundo está em desequilíbrio. O desafio do momento está na mão do homem que esta repensando e ainda não encontrou seu novo reposicionamento. E das revistas femininas retiro uma frase, provavelmente escrita por uma mulher, para este novo repensar e que não consegui definir se é machista ou feminista: “Mas como todo ser inteligente o homem está aprendendo a aproveitar o melhor da mulher moderna."

Caros leitores, definitivamente existem apenas dois sexos, mas os gêneros são infindáveis e as insanidades estarão populando cada dia mais os nossos noticiários.

Racionalidade e distanciamento são virtudes importantes,
Carinho e doçura fazem diferença...

A poesia é branca - Pablo Neruda

A poesia é branca:

Sal de água envolta em gotas,
enruga-se e amontoa-se,
é preciso estender a pele deste planeta,
é preciso engomar o mar com a sua brancura e vão e vêm as mãos ,
alisam as sagradas superfícies
e assim se engedram as coisas:
dia a dia fazem as mãos o mundo,
une-se o fogo ao aço,
chegam o linho, o algodão e o cotim
da faina das lavandarias
e nasce da luz uma pomba:
a pureza regressa da espuma.

Pablo Neruda

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Alegre Menina - Jorge Amado / Dori Caymmi

O que fizeste sultão de minha alegre menina?

Palácio real lhe dei, um trono de pedraria

Sapato bordado a ouro, esmeraldas e rubis

Ametista para os dedos, vestidos de diamantes

Escravas para servi-la, um lugar no meu dossel

E a chamei de rainha, e a chamei de rainha

O que fizeste sultão de minha alegre menina?

Só desejava as campinas, colher as flores do mato

Só desejava um espelho de vidro prá se mirar

Só desejava do sol calor para bem viver

Só desejava o luar de prata prá repousar

Só desejava o amor dos homens prá bem amar
no baile real levei a tua alegre menina

Vestida de realeza, com princesas conversou

Com doutores praticou, dançou a dança faceira

Bebeu o vinho mais caro, mordeu fruta estrangeira

Entrou nos braços do rei, rainha mais verdadeira.


Jorge Amado
Do livro “Gabriela, Cravo e Canela”
Esse poema foi musicado por Dori Caymmi
Interpretado por Djavan

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Carta a Ofélia - Fernando Pessoa

Meu Bebezinho lindo.
Não imaginas a graça que te achei hoje à janella da casa de tua irmã! Ainda bem que estavas alegre e que mostraste prazer em me ver (Álvaro de Campos).


Tenho estado muito triste, e além d’isso muito cansado – triste não só por te não poder ver, como também pelas complicações que outras pessoas teem interposto no nosso caminho. Chego a crer que a influência constante, insistente, hábil d’essas pessoas; não ralhando contigo, não se oppondo de modo evidente, mas trabalhando lentamente sobre o teu espírito, venha a levar-te finalmente a não gostar de mim. Sinto-me já differente; já não és a mesma que eras no escriptorio. Não digo que tu própria tenhas dado por isso; mas dei eu, ou, pelo menos, julguei dar por isso. Oxalá me tenha enganado…



Olha, filhinha: não vejo nada claro no futuro. Quero dizer: não vejo o que vãe haver, ou o que vãe ser de nós, dado, de mais a mais, o teu feitio de cederes a todas as influencias de familia, e de em tudo seres de uma opinião contraria à minha. 



No escriptorio eras mais dócil, mais meiga, mais amorável.



Enfim…

Amanhã passo à mesma hora no Largo de Camões. Poderás tu apparecer à janella?
Sempre e muito teu…

Ahhh... cartas de amor ridículas que nos fazem grandes.

Texto no Português da época e foto de Ofélia, o amor de Fernando Pessoa!

sábado, 23 de junho de 2012

Mulher ideal - Prince Cristal

De vez em quando, algumas situações me levam a questionar a mim mesmo qual é o meu tipo de mulher ideal. Acho que acontece com todo mundo, não é?

Eu nunca fui bom em responder a essa pergunta. Sempre a considerei um exemplo de boba racionalidade ou insanidade emocional. E por isso afirmo que vivo no mundo do presente, nunca no passado ou futuro.

Um Canceriano romântico dentro de um Ariano sedutor e com atitude, nunca poderá concluir um gosto por loiras eruditas, pois fatalmente acabará envolvido com uma morena dançarina. A vida é implacável com as nossas convicções. E morre de rir das nossas certezas.
Mesmo assim, me parece útil refletir sobre as qualidades que me cativam. Ainda que seja de uma forma provisória ou num momento que me preparo para meu salto sem para quedas. Não sei se isso ajuda conscientemente nas nossas escolhas, mas certamente contribui para um melhor entendimento de nós mesmos.

Quando eu penso na mulher ideal tendo a olhar para trás e fazer um apanhado das características das pessoas que passaram pela minha vida. A pouco tempo alguém me perguntou sobre quantidade, tentei contar e vi que talvez os dedos das mãos não fosse suficiente... sorri e calei-me... pois isso não importa... Lembro delas e sou forçado a concluir que aquilo que me agrada ou desagrada nas mulheres não é tão diferente daquilo que me agrada ou desagrada nas pessoas.

Trata-se de temperamento, de personalidade, de simplicidade e capacidade de se doar. O que a pessoa tem, fez ou sabe... tende a ser uma consequência do que ela é, da sua história e de seus traumas – e nesse pedaço do “ser” se fixa o meu interesse.
Quando eu penso na mulher ideal, o primeiro adjetivo que me vem à mente é afetuosa. Aprendi, com o passar dos anos, que gosto de ter ao meu redor gente que se vincula e que demonstra carinho, sem ser chata ou neurótica. Gente que esta disposta a compartilhar o dia a dia e não viver um romance de novela onde não existem tarefas domesticas ou necessidades básicas. Nesse particular hoje existe um turbilhão de mulheres centradas, objetivas, cheias de desejos de casar, com foco  e perfeitinhas que se multiplicam como vírus. Racionalidade e distanciamento são virtudes importantes, mas elas não me comovem.  Eu gosto de mulher doce e carinhosa.
Olhando para trás, percebo que eu aprecio a maturidade, independência e originalidade. Não gosto de mulher igual às outras mulheres, daquelas que tem de ser aceitas pelo seu clubinho de amigas, por mais bonita que seja. Quem se confunde com o bando não me atrai. As pessoas têm de ter luz própria, independência, personalidade, estilo. Defeitos, eles existem sim e isso torna interessante o jogo da troca e, às vezes, indispensáveis – afinal, onde você vai arrumar outra mulher como aquela? se ela é única.
Outra coisa da qual eu gosto é elegância, entendida como um jeito de se relacionar com o mundo e com as pessoas. Não se trata apenas de roupas. A elegância de que eu falo começa no jeito de andar, mas se expressa, sobretudo, em atitudes, coerência e palavras. É uma mistura de harmonia, altivez e senso de humor. Eu me incomodo cada vez mais com grossura, tolices e vulgaridade.

Beleza é essencial – mas ela vem em vários formatos: loira, ruiva, alta, magra, cheinha, olhos verdes...? Cabelos pretos são lindos, o corpão é sensacional, baixinhas são sexy e há dezenas de formatos de rostos irresistíveis. Existem também as bonitas neuróticas com complexo nos detalhes e ficam no espelho e "selfie" sem nem perceber como estão coisificadas... essas te questionam a própria beleza como se você fosse o espelho mágico...

Ahhh... também tem a graça, o sorriso e a sensualidade natural, sem as quais a beleza fica muda, mas acreditem meus leitores, a beleza definitivamente não denota idealidade.
 
As fotos aqui são de Elizabeth Taylor (1932-2011). Atriz e uma das maiores estrelas de Hollywood. Famosa por interpretar o clássico Cleópatra em 1963. Seus olhos cor de violeta eram o destaque de sua beleza expressiva e sua frase clássica : "A felicidade se resume em colecionar amores"

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Noite Vazia - Prince Cristal

Noite vazia 
Amor e prazer 
um raro acontecer. 

Insônia sem seu corpo 
desejo no vazio 
chuvoso e frio 
imagem clara e sinuosa 
colada em mim 
fazia-se gostosa 
que nunca antes houvera. 

No arrepio da sua pele 
a boca úmida 
a rigidez dos seios 
em espasmos 
jorrava gemidos 
de prazeres incontidos 
que só encontrarás comigo.
Foto do céu em São Miguel dos Milagres

domingo, 3 de junho de 2012

Aniversário de 6 anos do Prince Cristal

Hoje o Prince Cristal esta fazendo 6 anos.
Mais de 360 mil visitantes.

Estou muito feliz com esta jornada de 6 anos...
de boas estórias, bons amigos e muitos momentos agradáveis.

Valeu leitor. 

Obrigado e beijos do Prince.


"Nunca pergunte a uma nuvem: "Para onde você está indo?". Ela própria não sabe; ela não tem endereço, não tem destino.

Se o vento mudar enquanto ela ia para o sul, ela começa a ir para o norte. 

A nuvem não diz ao vento: "Isso é absolutamente ilógico. Estávamos indo para o sul e agora estamos indo para o norte. Qual o sentido disso tudo?" 

Não, ela simplesmente passa a ir para o norte, com tanta facilidade quanto ia para o sul. Para ela, sul, norte, leste, oeste, não faz nenhuma diferença. Apenas segue com o vento, sem nenhum desejo, sem nenhum objetivo, sem nenhum lugar para chegar; a nuvem só aprecia a jornada. "

terça-feira, 10 de abril de 2012

O Leitor - The Reader



Um filme bom deve te incomodar, te fazer pensar, refletir e não querer sair de seus pensamentos.

Assisti a pouco tempo pela televisão e me encantou.

Este filme é baseado no livro de Bernard Schlink e conta à história da paixão de Hanna Schmitz (Kate Winslet) e Michael Berg (David Kross) . Ela é muito mais mais velha do que ele. Ele um adolescente em crise com a família que descobre nela a auto estima que os parentes não lhe oferecem.

Apesar das diferenças de classe, os dois se apaixonam e vivem uma bonita história de amor. Ele nestes momentos lê para ela vários livros que os aproxima ainda mais. Até que um dia Hanna desaparece misteriosamente. 

O que parecia ser apenas uma história de amor sobre pessoas com idades diferentes toma proporções dramáticas. Oito anos se passam e Berg, então um interessado estudante de Direito, se surpreende ao reencontrar seu passado de adolescente quando acompanhava um polêmico julgamento por crimes de guerra cometidos pelos nazistas.

Os valores humanos são postos em cheque quando vemos que o garoto recusa-se a defender Hanna, que acusada pelas “amigas”, assume o crime sozinha. 

Michael sabe que seria impossível Hanna ter escrito num caderno os relatos diários de sua função. 

Hanna sobreviveu à própria ignorância, aos anos enclausurada, ao rótulo de assassina. 

Hanna só não sobreviveu a perda do amor, esse sim o grande vilão de sua história.

Ficha Técnica
Título Original: The Reader
Gênero: Drama
Duração: 124 min.
Ano: EUA/Alemanha - 2008
Direção: Stephen Daldry
Roteiro: David Hare, baseado em livro de Bernhard Schlink


Prêmios

- Ganhou o Oscar 2009 de Melhor Atriz (Kate Winslet), além de ter sido indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Fotografia.

- Ganhou o Globo de Ouro 2009 de Melhor Atriz Coadjuvante (Kate Winslet), além de ser indicado nas categorias de Melhor Filme - Drama, Melhor Diretor e Melhor Roteiro.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Quando, Lidia - Fernando Pessoa


Quando, Lídia, vier o nosso outono 

Com o inverno que há nele, reservemos 

Um pensamento, não para a futura 

Primavera, que é de outrem, 

Nem para o estio, de quem somos mortos, 

Senão para o que fica do que passa 

O amarelo atual que as folhas vivem 

E as torna diferentes.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Sim - Fernando Pessoa

Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.

Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.

Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.

Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Eras tu a Claridade - Jose L. Peixoto

O tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias, como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo, mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.

Eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar, que eu amava quando imaginava que amava. 

Era a tua a tua voz que dizia as palavras da vida. 

Era o teu rosto. Era a tua pele. Antes de te conhecer, existias nas árvores e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.

Muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Canção do dia de sempre - Mario Quintana

Tão bom viver dia a dia…
A vida assim, jamais cansa…

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu…

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência… esperança…

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas…

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A mulher mais bonita do mundo - Jose L. Peixoto

Estás tão bonita hoje. quando digo que nasceram flores novas na terra do jardim, quero dizer que estás bonita.

Entro na casa, entro no quarto, abro o armário, abro a gaveta, abro a caixa onde está o teu fio de ouro.

Entre os dedos, seguro o teu fino fio de ouro, como se tocasse a pele do teu pescoço.

Há o céu, a casa, o quarto, e tu estás dentro de mim. estás tão bonita hoje. os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz, os lábios.

Estás dentro de algo que está dentro de todas as coisas, a minha voz nomeia-te para descrever a beleza. os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz, os lábios.

De encontro ao silêncio, dentro do mundo, estás tão bonita é aquilo que quero dizer”


José Luís Peixoto
 in ”A Casa, a Escuridão”

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Vale a pena sentir - Fernando Pessoa

Vim aqui para não esperar ninguém,
Para ver os outros esperar,
Para ser os outros todos a esperar,
Para ser a esperança de todos os outros.
Trago um grande cansaço de ser tanta coisa.
E de repente impaciento-me de esperar, de existir, de ser,
Vou-me embora brusco…
Regresso à cidade como à liberdade.

Vale a pena sentir para ao menos deixar de sentir.


Fernando Pessoa 
como Álvaro de Campos

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O teu caminho - Nietzche

Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar para atravessar o rio da vida, ninguém, exceto tu, só tu.

Existem, por certo, atalhos sem números, pontes e semi-deuses que se oferecerão para levar-te além do rio, mas isso te custaria a tua própria pessoa; tu te hipotecarias e te perderias.

Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar.

Onde leva?

Não perguntes, segue-o.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Explicação da Eternidade - Jose L. Peixoto

Devagar, o tempo transforma tudo em tempo.

O ódio transforma-se em tempo,
o amor transforma-se em tempo,
a dor transforma-se em tempo.

Os assuntos que julgamos mais profundos, mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.

Por si só, o tempo não é nada.

A idade de nada é nada.

A eternidade não existe.

No entanto, a eternidade existe.

Os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.

Os instantes do teu sorriso eram eternos.

Os instantes do teu corpo de luz eram eternos.

Foste eterna até ao fim.



José Luís Peixoto, 
in “A Casa, A Escuridão”

domingo, 7 de agosto de 2011

Aceitamos viver infelizes porque temos medo da mudança

Assisti o filme, Comer Rezar Amar, baseado no livro de mesmo nome da Elizabeth Gilberth.


Gostaria de comentar sobre a passagem da personagem principal pelo "Augusteum" em Roma.


O Augusteum foi construído para servir como um mausoléu para as cinzas de Otaviano Augusto.
E depois disso,
foi uma fortaleza,
depois um vinhedo,
depois um jardim renascentista,
depois praça de tourada (séc. XVIII),
depois um depósito de fogos de artifício,
depois sala de concertos.
hoje um local de mendigos....

E sobre essas mudanças tem a seguinte fala no filme:
"Mas, outro dia, um amigo me levou a um lugar incrível: o Augusteum. Otaviano Augusto o construiu para abrigar seus restos mortais. Quando os bárbaros vieram eles o demoliram junto com todo o resto. Como Augusto, o primeiro grande imperador de Roma, imaginaria que Roma e que todo o mundo como ele o conhecia ficaria em ruínas? É um dos locais mais sossegados e solitários de Roma. A cidade cresceu ao seu redor ao longo dos séculos. O lugar é como uma ferida, um coração partido ao qual você se apega pois a dor é boa. Todos queremos que as coisas permaneçam iguais, David. Aceitamos viver infelizes porque temos medo da mudança, que as coisas acabem em ruínas. Aí, eu olhei esse lugar, o caos que ele suportou, o modo como foi adaptado, queimado, pilhado e depois encontrou uma maneira de ser reconstruído, e me tranquilizei. Talvez minha vida não tenha sido tão caótica. O mundo que é, e a única armadilha real é nos apegarmos às coisas. A ruína é uma dádiva. A ruína é o caminho que leva à transformação."


no livro:

"Olho para o Augusteum e penso que, no final das contas, talvez a minha vida na verdade não tenha sido tão caótica assim. É apenas este mundo que é caótico e nos traz mudanças que ninguém poderia ter previsto. O Augusteum me alerta para eu não me apegar a nenhuma ideia inútil sobre quem sou, o que represento, a quem pertenço ou que função eu poderia ter sido criada para exercer. Sim, eu ontem posso ter sido um glorioso monumento a alguém - mas amanhã posso virar um depósito de fogos de artifício. Até mesmo na cidade Eterna, diz o silencioso Augusteum, é preciso estar preparado para tumultuosas e intermináveis ondas de transformação..."